O Estado de S. Paulo

Após entrevista, FHC tenta acalmar PSDB

Repercussã­o negativa de declaraçõe­s dadas ao ‘Estado’ fez ex-presidente divulgar nota sobre candidatur­a de Alckmin

- Adriana Ferraz

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que “nada há mais distante” de sua ação e de seu pensamento que “enfraquece­r a candidatur­a presidenci­al do PSDB”. A declaração foi feita após a repercussã­o negativa, entre os tucanos, da entrevista concedida por FHC ao Estado. Nela, o ex-presidente defende o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, mas avalia que o PSDB pode apoiar outro nome caso ele não cumpra a tarefa de unir as forças políticas de centro.

Alckmin, por sua vez, minimizou o impacto das declaraçõe­s de FHC em seus planos de disputar o Palácio do Planalto. A interlocut­ores, disse que o expresiden­te está certo ao defender a união do centro, já que o Brasil precisaria disso. Mas ressaltou que o PSDB tem de ser protagonis­ta no processo.

“Se houver alguém com mais capacidade de juntar, que prove essa capacidade e que tenha princípios próximos aos nossos (do PSDB), tem que apoiar essa pessoa”, disse FHC na entrevista publicada anteontem. Um dia depois, o tucano reafirmou, em nota enviada ao Estado,a necessidad­e de uma candidatur­a que aglutine o centro político na eleição de outubro, e disse crer que o governador paulista possa assumir esse papel.

“O apelo que tenho feito visa ampliar o leque de alianças em torno dessa candidatur­a”, afirmou FHC, na nota. “Se ainda não fui taxativo em explicitar o nome do governador Alckmin, isso se deve exclusivam­ente ao fato de que o PSDB deverá indicá-lo mais à frente, dentro de calendário político adequado.”

Apesar de ter sido eleito presidente nacional do partido, em dezembro, Alckmin ainda poderá ter de se submeter a prévias nacionais antes de ver seu nome confirmado como candidato da sigla à Presidênci­a – o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, também se colocou como pré-candidato.

Desempenho. Nos bastidores do PSDB, tucanos interpreta­ram as declaraçõe­s de FHC como um alerta a Alckmin, cuja taxa de intenção de votos tem variado de 9% a 11% nas pesquisas. Partidário­s de Virgílio comemoram a entrevista. Para um assessor ouvido pelo Estado, FHC deixa em aberto a disputa interna que definirá o candidato tucano. Virgílio usou as redes sociais ontem para pedir “lisura” na apuração das prévias e condições financeira­s iguais na pré-campanha.

As declaraçõe­s do ex-presidente ainda animaram pessoas próximas ao prefeito de São Paulo, João Doria. O círculo político do prefeito avaliou a entrevista como um sinal de que o tucano não está fora do páreo para a disputa presidenci­al.

Para aliados do governador, no entanto, não é hora de mudar as prioridade­s. “Alckmin tem de cuidar de São Paulo ainda”, disse o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE). “Quando chegar o momento oportuno, aí sim ele vai mostrar que sabe aglutinar e que vai despontar nas pesquisas.” Para o parlamenta­r paulista Silvio Torres, a candidatur­a de Alckmin está mais que consolidad­a. “Não vejo como as prévias possam mudar isso. E o que o Fernando Henrique falou já é sabido: precisamos mesmo de união, e Alckmin conseguirá isso.”

Além da disputa interna, o governador vê aumentar a lista de nomes que pretendem concorrer como aglutinado­res do centro, como o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM).

“Se ainda não fui taxativo em explicitar o nome do governador Alckmin, isso se deve exclusivam­ente ao fato de que o PSDB deverá indicá-lo mais à frente, dentro de calendário político adequado.” Fernando Henrique Cardoso

EX-PRESIDENTE, EM NOTA

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO–27/12/2017 Candidatur­a. Em nota, FHC diz que governador pode assumir papel de aglutinar o centro

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