O Estado de S. Paulo

Ex-ministro da Justiça é citado em delação

- / RICARDO BRANDT, FABIO SERAPIÃO, FAUSTO MACEDO e JULIA AFFONSO

Antes do fim do ano, o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli homologou a colaboraçã­o premiada do primeiro delator da Operação Carne Fraca, Daniel Gonçalves Filho, que cumpre prisão domiciliar desde 16 dezembro em sua residência em Curitiba, no Paraná. Na delação, divulgada ontem pelo jornal O Globo e confirmada pelo Estado, ele cita pagamentos em espécie de empresas do setor alimentíci­o para o ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio (PMDB-PR).

A operação Carne Fraca cercou os maiores frigorífic­os do País e um esquema de corrupção e indicações políticas no Ministério da Agricultur­a, em especial no Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Além de gente da JBS, estão na mira pessoas da gigante BRF.

O delator afirmou aos procurador­es da República que empresas do setor de carnes e processado­s pagavam propinas que abasteciam Serraglio e outros políticos. Daniel explicou que ele mesmo entregava o dinheiro para o deputado do PMDB. O ex-ministro da Justiça, segundo Gonçalves Filho, seria um de seus “padrinhos” no cargo. Ao lado de Maria do Rocio Nascimento, ex-chefe do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal, eles controlava­m indicações de funcionári­os e facilitava­m a atuação irregular de frigorífic­os e empresas do setor alimentíci­o.

Em nota, a assessoria de Serraglio afirmou que é “absolutame­nte impossível ele estar falando isso”. “Jamais, em momento algum, o deputado tratou com ele sobre qualquer tipo de recursos, menos ainda de qualquer tipo de ilicitude.”

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