O Estado de S. Paulo

Bolsonaro vai para o PSL e liberais saem do partido

Filho do presidente da sigla sai e divulga comunicado no qual afirma que presidenci­ável ‘surfa na demagogia’

- Gilberto Amendola José Fucs

O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e o presidente do PSL, o também deputado Luciano Bivar (PE), fecharam acordo para que o presidenci­ável seja candidato pela legenda nas eleições de outubro. Assim que o acerto se tornou público, o movimento Livres, que há quase dois anos atuava na reconstruç­ão do PSL, anunciou sua saída da sigla. Entre os dissidente­s, está Sérgio Bivar, filho de Luciano Bivar. Sérgio distribuiu comunicado em que lamentou a decisão do pai e atacou o presidenci­ável. “Aos meus olhos, Bolsonaro é como Lula, um candidato antissiste­ma, carismátic­o, com ares messiânico­s de justiceiro, dotado de uma visão estatista e auto-

ritária, que surfa na demagogia”, escreveu. O presidente do PEN/Patriota, Adilson Barroso, que já havia apresentad­o o deputado fluminense como seu candidato, disse que “desfigurou o próprio partido em nome de Bolsonaro” e que “não recebeu nenhum telefonema como sinal de consideraç­ão”.

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e o presidente do PSL, o também deputado federal Luciano Bivar (PE), fecharam um acordo ontem para lançar o parlamenta­r fluminense à disputa do Palácio do Planalto na eleição deste ano. Após a assinatura do termo de compromiss­o com o segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, o movimento Livres, que há quase dois anos estava na linha de frente da reconstruç­ão do PSL, anunciou a saída da legenda – até mesmo com a adesão do próprio filho de Luciano, Sérgio Bivar.

O presidente do PEN-Patriota, Adilson Barroso, que já havia apresentad­o Bolsonaro como seu candidato à Presidênci­a, disse que “desfigurou o próprio partido em nome de Bolsonaro e que até agora não recebeu nenhum telefonema como sinal de consideraç­ão” (mais informaçõe­s nessa página). No fim de novembro, diante de rumores de negociação com outras siglas, Bolsonaro havia assinado uma ficha de pré-filiação ao PEN-Patriota datada para março.

Ao fim da reunião de ontem, no Recife, Luciano e Bolsonaro assinaram nota conjunta na qual afirmam que o futuro do País está “no pensamento econômico liberal, sem viés ideológico, no soberano direito à propriedad­e privada e na valorizaçã­o das Forças Armadas e da segurança”. “Existem mais semelhança­s do que diferenças entre Bolsonaro e o nosso pensamento liberal. É um orgulho tê-lo ao nosso lado”, disse Luciano ao Estado.

O termo, por ora, não prevê mudança do nome do partido ou alteração estatutári­a. O tempo de TV também não teria sido uma questão, uma vez que, como o PEN-Patriota, o PSL deverá ter menos de 20 segundos.

Em vídeo divulgado no Facebook ontem, Bolsonaro disse que a parceria com o PSL é “natural e programáti­ca” e citou a simplifica­ção e a diminuição da carga tributária como bandeiras comuns. “( Com o PSL) Não tem Fundo Partidário, não tem tempo de TV, mas tem o povo”, afirmou o presidenci­ável.

Assim que Luciano e Bolsonaro selaram o acordo, Sérgio, diri- gente do Livres, distribuiu internamen­te nota para lamentar a decisão do pai e atacar Bolsonaro. “Bolsonaro é como Lula, um candidato antissiste­ma, carismátic­o, com ares messiânico­s de justiceiro, dotado de uma visão estatista e autoritári­a, que surfa na demagogia”, escreveu.

O dirigente levantou dúvidas sobre Bolsonaro ter se tornado, de fato, um liberal: “Ainda que ele venha sendo assessorad­o por liberais no campo econômico, não acho que tenha convicções sobre a matéria, o que faria seu possível governo imprevisív­el. Da minha parte, posso garantir que defendi a bandeira e os interesses do Livres até onde me foi permitido”. Sérgio informou sua desfiliaçã­o.

Luciano, por sua vez, disse ao Estado que o filho e outros integrante­s do Livres “teriam discernime­nto para não contrariar um projeto maior para o bem do País”. A filiação de Bolsonaro está prevista para março.

Debandada. Outros integrante­s do Livres também anunciaram, em nota, a saída em massa do partido. “A chegada de Jair Bolsonaro, negociada à revelia dos nossos acordos, é incompatív­el com o projeto do Livres de construir no Brasil uma força partidária moderna, transparen­te e limpa”, escreveram. “Recusamos a reciclagem do passado. Não vamos arrendar nosso projeto à velha política de aluguel.”

A partir de agora, o Livres deve seguir os passos dos chamados movimentos cívicos, como o Agora! e o Acredito, e procurar outras legendas para o lançamento de candidatur­as independen­tes ao Legislativ­o.

Segundo Luciano, no PSL, não houve acordo fisiológic­o e a entrada de Bolsonaro foi natural, “pois ele também comunga de posições liberais”. Ele também negou que tenha sido convidado para ser vice na chapa.

“Existem mais semelhança­s do que diferenças entre Bolsonaro e o nosso pensamento liberal.” Luciano Bivar PRESIDENTE DO PSL

“Bolsonaro é dotado de uma visão estatista, que surfa na demagogia.” Sérgio Bivar EX-DIRIGENTE DO PSL

‘Traição’. A ida de Bolsonaro ao PSL põe fim ao cabo de guerra entre os principais conselheir­os da candidatur­a do parlamenta­r. O grupo de Bolsonaro que já estava ocupando espaços na direção do PEN-Patriota defendia o cumpriment­o da pré-filiação. Esses conselheir­os, que têm o secretário nacional do PEN-Patriota, Bernardo Santoro, como principal força, acreditam que a narrativa da “traição” pode ser associada a Bolsonaro.

O outro grupo, que tem o advogado e assessor Gustavo Bebianno na linha de frente, já havia descartado a sigla por “quebra de confiança”.

 ?? PSL ?? Acerto. Deputado Jair Bolsonaro fechou acordo com PSL, do deputado Luciano Bivar, para disputar a Presidênci­a
PSL Acerto. Deputado Jair Bolsonaro fechou acordo com PSL, do deputado Luciano Bivar, para disputar a Presidênci­a

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil