Grande SP registra duas mortes por febre amarela
Saúde. Até o último balanço oficial de 2017, não havia registro de infecções na região metropolitana. Segundo o coordenador de Controle de Doenças da Secretaria Estadual de Saúde, os pacientes foram para áreas de mata e não haviam tomado vacina
A Secretaria de Estado da Saúde confirmou pelo menos três casos de febre amarela na região metropolitana de São Paulo. Dois pacientes morreram e uma está internada no Hospital das Clínicas. O local provável de infecção foi Mairiporã. No último balanço da pasta, com casos reportados em 2017, havia registro de infecções apenas no interior do Estado.
A Secretaria da Saúde de São Paulo confirmou ontem pelo menos três casos de febre amarela registrados na região metropolitana de São Paulo. Dois pacientes morreram e uma está internada no Hospital das Clínicas, na capital. No último balanço da pasta, com casos reportados em 2017, não havia registro de infecções na Grande São Paulo. Os anteriores haviam sido relatados no interior paulista.
Segundo Marcos Boulos, coordenador de Controle de Doenças da secretaria, nos três casos, o local provável de infecção foi Mairiporã, mas as vítimas não moravam na cidade. “Em Mairiporã, já temos mais de 90% dos munícipes vacinados. Esses casos foram de pessoas que viajaram para áreas de mata da cidade sem ter tomado a vacina”, disse ele ao Estado. Outros três casos possivelmente adquiridos na cidade da região metropolitana estão em investigação.
Secretária de Saúde de Mairiporã, Grazielle Bertolini disse que ainda não recebeu do Estado a confirmação dos três casos. Mas ela explicou que a prefeitura não tem controle sobre os casos em que o paciente, mesmo infectado na cidade, seja atendido no serviço de saúde de outro município, como nos registros citados por Boulos.
Uma das infectadas, a engenheira Gabriela Santos da Silva, de 27 anos, é moradora da zona oeste de São Paulo, mas esteve em região de mata em Mairiporã no fim do ano para trabalhar em uma obra. Ela não havia se vacinado. Segundo parentes, ela começou a apresentar os sintomas em 20 de dezembro, foi inicialmente diagnosticada com dengue e, após uma semana, teve piora, sendo internada em um hospital privado. “Ela te- ve uma hepatite fulminante provocada pela febre amarela e o único tratamento que a salvaria seria um transplante de fígado”, disse a tia da jovem, a professora universitária Cilene Victor, de 49 anos.
Gabriela foi transferida para o Hospital das Clínicas no dia 28 e passou pelo transplante no dia seguinte, procedimento inédito para um quadro como o dela ( mais informações ao lado). Ela continua internada.
Os outros dois casos, segundo Boulos, são de pessoas que foram passar as festas de fim de ano em Mairiporã e se infectaram em regiões próximas de mata. “É importantíssimo que as pessoas se conscientizem de que, por mais que não morem em região de risco, têm de tomar a vacina, se forem viajar para esses locais”, alerta. Ele diz que a necessidade do imunizante vale não só para quem pretende ir a regiões de mata fechada, mas também para aqueles que passarão por parques ou condomínios próximos de mata, como os da Serra da Cantareira.
Histórico. Mairiporã já estava em alerta para a doença há um mês, quando foram confirmadas as mortes de 22 macacos por febre amarela. Na ocasião, porém, não havia caso suspeito em humanos. Em todo o Estado, foram 24 casos do vírus confirmados em 2017, dos quais dez evoluíram para óbito. Desde outubro, parques municipais e estaduais da capital onde foram achados macacos mortos, como o Horto, foram fechados como medida preventiva.