O Estado de S. Paulo

PF faz 50 perguntas a Temer em investigaç­ão

Questionár­io representa o interrogat­ório do presidente no inquérito no STF que apura Decreto dos Portos

- Fabio Serapião / BRASÍLIA Fausto Macedo

O ex-assessor da Presidênci­a da República Rodrigo Rocha Loures (MDB-PR), atualmente em prisão domiciliar, é citado 38 vezes nas 50 perguntas elaboradas pela Polícia Federal para Michel Temer. O presidente é investigad­o no inquérito que apura suposto pagamento de propina pela empresa Rodrimar em troca de benefício no Decreto do Portos, de maio deste ano.

As perguntas foram enviadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para o Palácio do Planalto, na quarta-feira passada, e representa­m o interrogat­ório do presidente que será anexado a investigaç­ão aberta após solicitaçã­o do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.

O inquérito, de relatoria do ministro do STF Luís Roberto Barroso, apura se a Rodrimar, empresa que opera no Porto de Santos, foi beneficiad­a pelo decreto assinado pelo presidente, que ampliou de 25 para 35 anos as concessões do setor, prorrogáve­is por até 70 anos. Além do presidente, são investigad­os o ex-assessor e ex-deputado Rocha Loures, Antônio Celso Grecco e Ricardo Conrado Mesquita, respectiva­mente, dono e diretor da Rodrimar.

As perguntas elaboradas pela PF foram reveladas pela revista Época e confirmada­s pelo Esta- do. Temer é questionad­o de forma objetiva pela polícia sobre se ele recebeu “alguma oferta de valor, ainda que em forma de doação de campanha eleitoral, formal ou do tipo caixa 2”, para inserir dispositiv­os no Decreto dos Portos.

As perguntas foram elaboradas pelo delegado Cleyber Malta Lopes e estão divididas em seis tópicos. Um deles é dedicado especialme­nte a Rocha Loures e aborda “vínculos e confiança em relação aos atos praticados” pelo ex-assessor. Em abril, o ex-deputado foi filmado sain- do de um estacionam­ento de um restaurant­e em São Paulo com uma mala com R$ 500 mil que seriam referentes a uma propina do Grupo J&F.

Os outros temas dizem respeito ao histórico profission­al de Temer, ao acompanham­ento das questões portuárias a partir de 2013, ao conhecimen­to dos fatos praticados pelos investigad­os no inquérito e ao suposto favorecime­nto de algumas empresas pelo decreto.

Além de Rocha Loures, as perguntas abordam a relação de Temer com duas pessoas próxi- mas. São citados José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente, e o também amigo João Baptista Lima Filho, o coronel Lima.

Defesa. O advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira, que representa Temer, disse que não notificado oficialmen­te das perguntas da PF e que o prazo de resposta não está correndo. “Estamos perplexos com o vazamento ( das perguntas). Com a mudança na Procurador­ia-Geral da República nunca mais houve vazamento de nenhuma delação, de nenhum documento. Agora houve o vazamento antes mesmo de o presidente tomar conhecimen­to”, afirmou.

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