O Estado de S. Paulo

Nova turnê de Chico chega ao Rio.

Show foi marcado por protestos políticos e o cantor saudou com canções parceiros como Edu Lobo, Cristóvão Bastos e Tom Jobim

- Roberta Pennafort / RIO

Teve histeria, teve “Fora, Temer” e “Olê olê olê olá, Lula Lula”, mas está computado nos dados oficiais: um show de Chico Buarque nunca será igual a outro. A turnê Caravanas, lançada há três semanas em Belo Horizonte numa atmosfera marcada pelos ecos das disputas políticas, estacionou no Vivo Rio na noite de quinta, 4, com o mesmo repertório da estreia; no entanto, na cidade do compositor, seus afetos sobressaír­am.

O público carioca, que lotou a casa, acompanhou menos do que gostaria as escolhas do set list. Chico trouxe de volta músicas que só os fãs mais dedicados conhecem, como A Bela e a Fera e Outros Sonhos, afora as do CD homônimo.

O compositor tocou em diferentes momentos de sua obra de mais de 50 anos e pinçou faixas que prestigiar­a na última turnê – Chico, de um longínquo 2011 –, como Geni e o Zepelim e Injuriado, e outras que já não interpreta­va, como Palavra de Mulher e A História de Lily Braun.

Ele enterneceu a plateia ao saudar os parceiros Edu Lobo ( A Moça do Sonho), o neto Chico Brown ( Massarandu­pió), Cristóvão Bastos ( Todo o Sentimento e Tua Cantiga), o companheir­o de “tantas jornadas e momentos felizes”, seu baterista por 30 anos, Wilson das Neves ( Grande Hotel), que morreu cinco meses atrás, além de Tom Jobim ( Retrato em Branco e Preto e Sabiá, e menção no tributo à música brasileira Paratodos, que fecha o show).

“Nesses mais de 50 anos, eu me cerquei bem. Fiz letras para músicas que gostaria de ter escrito”, disse, carinhosam­ente, referindo-se a Edu e Tom.

Se em 2011 o novo amor do homem maduro dava o norte, a crítica social ao “Rio do lado sem beira”, que se destaca em Caravanas, tomou o palco em Estação Derradeira. O Vivo Rio ovacionou Chico tanto nas canções de corações encandecid­os quanto nas de desaforo e desamor, ora endossando seus sentimento­s de outrora, ora os dos tempos nada delicados das redes sociais.

O chamado às ruas de Minha Embaixada Chegou, que abriu a noite, e a gaiatice de Mambembe e Partido Alto tiveram eco em A volta do Malandro e Homenagem ao Malandro, essas entoadas com entusiasmo. O coro antiTemer marcou a parte final do espetáculo (“Fora, Temer quer dizer pra eu voltar, é isso?”, Chico brincou, antes do bis).

Acompanhad­o por Bia Paes Leme (teclados e vocais), Jorge Helder (contrabaix­o), Marcelo Bernardes (flauta e sopros), Jurim Moreira (bateria), João Rebouças (piano) e Chico Batera (percussão), sob o comando de Luiz Claudio Ramos (maestro, arranjador e violonista), Chico chega a São Paulo em março. No Rio, os shows extras vão até 4 de fevereiro, e ainda há ingressos à venda.

 ??  ??
 ?? FABIO MOTTA/ESTADÃO ?? No palco. Show lota teatro
FABIO MOTTA/ESTADÃO No palco. Show lota teatro

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil