Correa volta ao Equador por chance de retomar poder
Ex-presidente faz campanha pelo ‘não’ em votação que pode limitar reeleição presidencial e o inabilitar para concorrer
O ex-presidente do Equador Rafael Correa voltou ontem ao país para liderar a campanha pe- lo “não” na consulta popular que poderá referendar uma emenda constitucional que o inabilitaria para disputar novamente a presidência. O referendo, que ocorrerá em fevereiro, foi convocado pelo atual presidente, Lenín Moreno, que foi vice de Correa até 2013, mas se tornou o seu maior rival após assumir a presidência.
O retorno de Correa, que vivia na Bélgica desde que deixou o cargo, em maio, põe em prática uma nova queda de braço com Moreno, em meio a uma disputa de poder no movimento governista Aliança País.
A consulta popular fará sete perguntas aos eleitores: sobre inelegibilidade em caso de corrupção, limite à reeleição, reestruturação política, imprescritibilidade de crimes sexuais contra menores, mineração, especulação imobiliária e exploração petrolífera.
Correa chegou de madrugada a Guayaquil, onde foi recebido por correligionários. Em seguida, participou de uma carreata, segundo imagens divulgadas pela deputada Marcela Aguiñaga, que o apoia. “Diziam que ele não voltaria. Aqui começa uma nova história do Equador”, de- clarou o deputado Carlos Viteri, que também apoia o expresidente.
O representante do Equador na ONU em Genebra, Guillaume Long, renunciou ontem ao cargo e qualificou as iniciativas de Moreno de autoritárias. “Recuso-me a ser cúmplice do perigoso autoritarismo, disfarçado de falso ecumenismo e espírito de diálogo, que coloniza agressivamente o Equador”, disse.
O correismo acusa Moreno de se aliar à oposição para acabar com o legado da “revolução cidadã” de Correa. Moreno quer restabelecer a possibilidade de uma única reeleição, como definia a Constituição antes de o Congresso mudá-la, em 2015.