O Estado de S. Paulo

Acionista da Eletrobrás vai escolher entre venda ou fechamento

Edital convoca para assembleia que envolve distribuid­oras de seis Estados; dívidas somam R$ 11,24 bilhões

- Anne Warth/ BRASÍLIA

Os acionistas da Eletrobrás vão decidir no dia 8 de fevereiro se a empresa deve assumir dívidas de R$ 11,240 bilhões para viabilizar a venda de suas distribuid­oras de energia, além de direitos e obrigações no valor de R$ 8,477 bilhões, ou fechar as empresas. O edital de convocação da assembleia geral extraordin­ária, publicado ontem pela companhia, envolve as distribuid­oras que atuam nos Estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Alagoas e Piauí. A proposta da empresa, que será submetida aos acionistas, prevê duas alternativ­as para cada uma das concession­árias: venda ou liquidação.

A primeira proposta que deve ser discutida é composta por um pacote de venda de ações da distribuid­ora, associada a contratos de 30 anos de concessão, pelo valor simbólico de R$ 50 mil cada uma.

Nesse cenário, a holding Eletrobrás deve assumir uma parte das dívidas de cada uma das empresas, além de direitos e obriga- ções das distribuid­oras com fundos setoriais como Conta de Consumo de Combustíve­is (CCC) e Conta de Desenvolvi­mento Energético (CDE).

No conjunto das seis distribuid­oras da Eletrobrás, as dívidas somam R$ 11,240 bilhões, e os direitos e obrigações, R$ 8,477 bilhões.

Entre esses direitos e obrigações, estão processos que envolvem discussões no âmbito da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e na Justiça, e podem, ao fim de cada processo, se tornar créditos ou débitos.

Créditos. Em alguns casos, são valores que foram reconhecid­os como créditos para as distribuid­oras por meio da publicação da Medida Provisória 814, publicada na semana passada. A MP prevê o pagamento de R$ 3,5 bilhões de algumas dívidas dessas empresas pela União, além do reconhecim­ento de créditos de R$ 587 milhões para a Ceron e R$ 300 milhões para a Eletroacre.

Ainda na primeira alternativ­a, a Eletrobrás propõe ao Conselho de Administra­ção que exerça a opção de elevar sua participaç­ão nas distribuid­oras em até 30%, após a venda de cada empresa. Essa fatia resultaria da conversão, em ações, de dívidas detidas pelas concession­árias junto à holding.

Dissolução e liquidação. O segundo cenário proposto pela companhia, caso a venda das distribuid­oras não se concretize, é a dissolução e a liquidação. Nesse cenário, o governo venderia apenas a concessão (dona dos ativos e direito de exploração do serviço), e a empresa (responsáve­l por trabalhado­res e dívidas) seria extinta pela Eletrobrás.

Dentro do governo, a liquidação é vista como a pior opção, pois isso pode elevar as dívidas da holding e, eventualme­nte, exigir uma capitaliza­ção bilionária da União na companhia. Sem recursos para uma operação de socorro previstos no Orçamento, a companhia pode até mesmo quebrar.

Amazonas Energia. Na proposta da Eletrobrás para as distribuid­oras, o pior cenário é o da Amazonas Energia. Dos R$ 11,240 bilhões que a Eletrobrás teria que assumir em dívidas, R$ 8,911 bilhões são da distribuid­ora amazonense.

Como condição para venda da Amazonas Energia, a Eletrobrás exige a separação das atividades de geração e transmissã­o da companhia (que ficariam com a holding) das de distribuiç­ão (que seriam vendidas).

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