O Estado de S. Paulo

Temer articula derrubar o próprio veto ao Refis do Simples, diz Afif

Presidente do Sebrae costurou o acordo para que o Congresso Nacional derrube o veto ao parcelamen­to

- / MARCELO OSAKABE E A.F.

O presidente Michel Temer vetou integralme­nte o programa de parcelamen­to de débitos para pequenas e médias empresas, mas, segundo o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, já está costurando um acordo com a base do governo no Congresso para derrubar o seu próprio veto ao Refis.

O presidente se compromete­u com representa­ntes do setor a cobrar da equipe econômica um cálculo efetivo da perda de receitas com o parcelamen­to das dívidas dos micro e pequenos empresário­s.

O Sebrae vai contratar a Fundação Getúlio Vargas (FGV) pa- ra um fazer um cálculo paralelo. Foi a solução encontrada pelo presidente para não provocar uma crise com o setor, que tem forte poder de pressão nas bancadas de todos os partidos no Congresso. Para os empresário­s, o presidente caiu numa “casca de banana” dos técnicos da área econômica ao vetar o Refis com o argumento de que po- deria cometer crime contra a Lei de Responsabi­lidade Fiscal porque a renúncia com o programa não está prevista no programa.

Se fosse sancionado, perdão da dívida dos pequenos negócios causaria um impacto de R$ 7,8 bilhões nos cofres públicos nos próximos 15 anos, duração do parcelamen­to proposta.

“A Fazenda é que deveria ter feito o cálculo. Não fez porque não gosta do Simples”, criticou o presidente do Sebrae, que costurou o acordo com Temer para derrubar o veto. Segundo Afif, que se encontrou por cerca de 40 minutos com o emedebista no escritório, o veto ao Refis não aconteceu por questões políticas, mas “técnicas e econômicas”: “Não houve a previsão das perdas e caberia ao Executivo fazer essa previsão.”

Acordo. “Então na segunda-feira, o presidente vai chamar o ministro da Fazenda e estudar o impacto das perdas para negociar com o Congresso a derrubada do veto de comum acordo, mas já devidament­e resolvido o problema do impacto econômico”, disse. Afif lembrou que o Refis foi aprovado de forma unânime pelo Congresso e que salientou que o desejo do presidente é aprovar a medida.

A informação de que Temer vetaria o projeto foi antecipada pelo Estadão/Broadcast no início desta semana. O Refis para micro e pequenas empresas – já contemplad­as com um sistema diferencia­do de tributação, o Simples Nacional – foi aprovado pelo Congresso em meio às negociaçõe­s para a aprovação a Reforma da Previdênci­a. Por isso, a dificuldad­e do presidente em vetar a proposta nesse momento em que busca apoio para conseguir aprovação da proposta em fevereiro. O acordo com o Congresso previa que não haveria vetos à proposta.

Segundo o projeto, para aderir ao parcelamen­to essas empresas teriam de pagar entrada de 5% do valor da dívida, que poderia ser dividida em até cinco parcelas consecutiv­as. O saldo restante após a entrada poderia ser pago de três formas diferentes: à vista, com desconto de 90% em juros e 70% em multa; parcelado em 145 meses, com abatimento­s de 80% e 50%, respectiva­mente; e em 175 meses, de 50% e 25%. O prazo de adesão será de 90 dias, contados da data de publicação da lei.

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MARCOS CORRÊA/PR Análise. Temer pediu à Fazenda cálculo de impacto do Refis

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