O Estado de S. Paulo

IPI de carro elétrico deve cair para 7%

Segundo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, decisão sai em breve, hoje taxa é de 25%; mas não há definição para híbridos

- Fernando Nakagawa/ BRASÍLIA Cleide Silva

O governo vai reduzir o Imposto sobre Produtos Industrial­izados (IPI) de carros elétricos. A negociação em curso prevê queda da alíquota dos atuais 25% para 7%, segundo confirmou ontem o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).

Para carros híbridos, que precisam de um combustíve­l para gerar a energia da bateria, ainda não há consenso sobre o novo imposto, que deve ficar entre 7% e 9%. As montadoras devem levar ao Mdic na próxima semana proposta única do setor.

Carros elétricos e a hidrogênio já são isentos do Imposto de Importação, de 35%, e os híbridos têm alíquotas de até 7%.

A equipe econômica argumenta que não haverá impacto nas contas públicas porque o volume de vendas desses modelos ainda é baixo e, portanto, a arrecadaçã­o ainda não é relevante.

No ano passado foram vendidos no Brasil 3.296 veículos híbridos e elétricos, três vezes mais do que em 2016. O número ainda é insignific­ante diante dos 2,239 milhões de veículos comerciali­zados no País, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricante­s de Veículos Automotore­s (Anfavea).

A medida deve ser anunciada nas próximas semanas. A Casa Civil avalia se será editada Medida Provisória ou decreto presidenci­al. A iniciativa partiu do próprio Mdic e teve como um dos argumentos favoráveis o baixo impacto fiscal.

O governo já tem estudos mostrando que o efeito na arrecadaçã­o pode ser até positivo no longo prazo com o desenvolvi­mento de um mercado praticamen­te inexplorad­o no Brasil.

Fonte que acompanha o tema citou que o novo incentivo foi um dos poucos pontos de concordânc­ia entre a equipe econômica e o Mdic nas discussões da nova política industrial para o

setor automotivo.

Chamado de Rota 2030, o programa deveria ter sido lançado em dezembro, quando terminou o programa anterior, o Inovar-Auto, mas está parado no Ministério da Fazenda, que hoje é contrário a qualquer incenti- vo ao setor que, por sua vez, reivindica apoio aos projetos de pesquisa e desenvolvi­mento.

Em reunião recente, o presidente Michel Temer disse às montadoras que só voltará a tratar do tema após a reforma da Previdênci­a, que deve voltar a ser discutida pelo Congresso pouco antes de Carnaval e votada no dia 19 de fevereiro.

O presidente da Anfavea, Antonio Megale, afirma que, num primeiro momento, as empresas vão importar modelos elétricos e híbridos e, quando houver demanda maior, será avaliada a produção local.

Empresas como Toyota e Caoa/Chery já manifestar­am in- tenção de produzir no País automóveis híbridos e elétricos.

Vantagem. Megale ressalta que essa tecnologia é cara e o Brasil – ao contrário de outros países que estão optando pela eletrifica­ção das frotas – tem o etanol. “Não vamos perder o bonde (das novas tecnologia­s), mas temos a vantagem do etanol, que atinge as metas de redução de emissões estabeleci­das pelo Acordo de Paris.”

Projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) indicam que veículos elétricos e híbridos representa­rão 2,5% das vendas totais no País até 2026.

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