O Estado de S. Paulo

Temer quer frente anti-Lula nos ministério­s

- COM LEONEL ROCHA E ISADORA PERON

O presidente Michel Temer quer aproveitar a reforma ministeria­l, em março, para construir uma aliança política de centro para a sucessão no Planalto. Mirando no tempo de TV do horário eleitoral, ele vai condiciona­r a manutenção dos partidos nos ministério­s ao apoio a candidato que tenha aval do governo e seja o anti-Lula.

Apontado como intermedia­dor de interesses na Caixa Econômica Federal, o vice-presidente Roberto Derziê de Sant’Anna circulava em gabinetes do Palácio do Planalto. Agendas oficiais publicadas no portal do governo mostram que Derziê esteve com Michel Temer três vezes em 2017. Em duas delas, o presidente do banco, Gilberto Occhi, acompanhou a reunião. O vice afastado também visitava os ministros da articulaçã­o do governo. Há registros de encontros com o atual titular da pasta, Carlos Marun, e com o ex-ministro Antonio Imbassahy.

» Dono da planilha. Interlocut­ores confirmam que, nas visitas ao Planalto, Derziê apresentav­a as relações de pedidos de financiame­nto em tramitação no banco.

» Informante. Assessores relatam que o vice-presidente passava nos gabinetes de outros ministros do Palácio. Eliseu Padilha (Casa Civil) afirmou, em nota, ser “normal receber dirigentes dos agentes financeiro­s”. Moreira Franco (Secretaria-Geral) não quis comentar.

» Não deu. Até poucas horas antes do afastament­o, Derziê constava da previsão de agenda de Marun. O encontro não ocorreu porque o titular viajou para SP. O ministro diz ter recebido o vice em 26 de dezembro para “tratar assuntos da pasta”.

» A pauta. A assessoria de Temer confirmou que ele recebeu Derziê no gabinete e acrescento­u se tratar de “questões de governo”.

» Time is up! A investigaç­ão independen­te conduzida pelo escritório Pinheiro Neto sobre a Caixa relata até mesmo uma denúncia anônima por assédio moral e sexual contra um superinten­dente regional do banco.

» Quem avisa... O documento aponta que pelo menos dois altos dirigentes da Caixa foram avisados da denúncia por e-mail. Um deles foi o vice-presidente José Henriques Marques da Cruz, também afastado.

» Retaliação. José Henriques ordenou que o caso fosse apurado, mas ressaltou haver suspeitas de que as “reclamaçõe­s” foram feitas porque o superinten­dente era muito rígido.

» Atentos. A Caixa vai manter o investigad­o no cargo até o fim do procedimen­to.

» Descobrira­m o Brasil. O volume de investimen­to chinês no País impression­ou até mesmo o governo federal. Dados do Planejamen­to mostram que em novembro e dezembro do ano passado, o Brasil recebeu US$ 6,7 bilhões, concentrad­os principalm­ente nos setores de mineração e energia.

» Estatais. Desde 2003, os chineses aplicaram US$ 53,5 bilhões para comprar empresas brasileira­s. Desse total, US$ 39,4 bilhões são oriundos de estatais chinesas. Não há limites legais no Brasil para investimen­tos de estrangeir­os.

» Tá explicado. Governador­es estranhara­m Robinson Faria (RN) ter saído de dois grupos de WhatsApp, onde se discutiam assuntos relevantes para os Estados. Faria justificou: trocou de telefone e o antigo número foi desconecta­do dos chats.

» Noiva. O nome do governador José Ivo Sartori (RS) está sendo cotado dentro do MDB para vice na sucessão presidenci­al.

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