O Estado de S. Paulo

Juiz rejeita pedido e Maluf fica na Papuda

Magistrado diz que deputado pode usar calçado antiderrap­ante; defesa alega estado de saúde e idade avançada

- Amanda Pupo Rafael Moraes Moura / BRASÍLIA

Preso no Complexo Penitenciá­rio da Papuda desde o dia 22 de dezembro, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) vai continuar cumprindo pena em regime fechado. O juiz Bruno Macacari, da Vara de Execuções Penais da Justiça Federal do Distrito Federal, negou ontem o pedido de prisão domiciliar humanitári­a feito pela defesa para que ele cumprisse pena em casa por motivos de saúde. Com 86 anos, Maluf sofre de câncer de próstata.

A defesa de Maluf alega que o estado de saúde e a idade avançada precisam ser levados em conta pela Justiça e que o Complexo da Papuda não tem condições de oferecer os cuidados médicos necessário­s.

Em sua decisão, o juiz afirmou que não se vê em Maluf “estado de tamanha debilidade que busca ostensivam­ente demonstrar”. Macacari também observou que o parlamenta­r tem passado os dias na Papuda à base de minipizza por vontade própria e destacou que ele pode usar calçados antiderrap­antes para se proteger de quedas.

De acordo com o juiz, a cela de Maluf comporta seis pessoas, mas atualmente tem quatro, “além de ter portas mais alargadas e plenas condições de acessibili­dade, o que em muito facilita o ingresso de equipes médicas em caso de urgência”. “Com vistas a proteger o reeducando contra o risco de quedas decorrente de sua idade avançada, poderá ele se servir de calçados antiderrap­antes, como sugerido pelos peritos do IML (Instituto Médico-Legal).”

Sobre a dieta de Maluf, Macacari afirmou que o parlamenta­r tem passado à base de minipizza, refrigeran­te, café e água por “ação voluntária”, uma vez que os dois primeiros itens “jamais compuseram cardápios dos internos, e foram livremente adquiridos e consumidos pelo reeducando”. Maluf foi condenado a 7 anos e 9 meses pelo crime de lavagem de dinheiro quando era prefeito de São Paulo (1993-1996).

Idosos. Macacari destacou que o sistema carcerário do Distrito Federal tem 144 presos idosos. “E não poderia ser diferente, aliás, sob pena de se admitir a existência de verdadeiro salvocondu­to para que pessoas idosas acima de 70 anos (...) persistam ou se iniciem na atividade criminosa, firmes na crença de que, se condenadas, não serão penalizada­s com nenhuma outra medida que o recolhimen­to em seu próprio lar.”

O juiz citou entrevista do deputado ao SBT, veiculada em outubro, em que Maluf, na sua visão, se movimentou com “aparente destreza, apesar da idade avançada, jamais se apoiando na bengala de que passou a se servir desde a ordem de prisão” do Supremo Tribunal Federal.

O advogado de Maluf, Antônio Carlos de Almeida Castro, divulgou nota em que afirma que a prisão domiciliar é “mais do que uma decisão humanitári­a, é uma questão de justiça”. “Laudos apresentad­os, a nosso ver, evidenciam a absoluta impossibil­idade da manutenção, com segurança, do dr. Paulo Maluf no sistema carcerário.”

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ADRIANO MACHADO/REUTERS–22/12/2017 Defesa. Advogados dizem que caso é ‘questão de justiça’

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