Abandono do 14-bis
Com asa danificada e cauda enferrujada, a réplica do avião 14-bis, de Santos Dumont, monumento da Praça Campo de Bagatelle, zona norte, aguarda reparos.
Com parte da asa caída e a cauda enferrujada, a réplica do avião 14bis criado por Santos Dumont, monumento localizado na Praça Campo de Bagatelle, zona norte de São Paulo, está deteriorada. A peça, inaugurada em 1973 perto do aeroporto Campo de Marte, está na lista de obras prioritárias da Prefeitura para restauro neste ano pelo programa Adote uma obra artística, que busca parceria com empresas para a conservação de monumentos em espaços públicos. Outras 80 obras, em todas as regiões, também “pedem adoção” prioritária.
O último restauro da aeronave ocorreu há 12 anos. A peça é cercada por grades e monitorada por uma câmera. Três postes fazem a iluminação do local. O monumento foi construído pela empresa Bronze Artístico Rebellato.
Ninho de marimbondo. Dois ninhos de marimbondo se instalaram na peça. Parte do monumento enferrujou e já escurecem as letras do mural, de novembro de 2006, que informa: “Uma justa homenagem da população de São Paulo e da Força Aérea Brasileira ao ‘pai da aviação’, marechal-do-ar Alberto Santos Dumont.”
Para um dos maiores pesquisadores de Santos Dumont, o físico e especialista em aviação Henrique Lins de Barros, 12 anos ao ar livre sem restauração “é muito tempo para uma obra que está exposta ao sol, à chuva e ao vento”. Segundo Barros, as longas e pesadas asas da réplica sentem a pressão do vento.
O especialista destaca que a aeronave é representativa de um momento histórico para o Brasil. “É o primeiro avião que sai do chão, levanta voo, voa e pousa sozinho sem auxílio. É a primeira vez que o homem é capaz de voar. É importante manter símbolos. O 14-bis é um monumento que faz a sociedade lembrar de um feito que mudou a humanidade”, diz Barros.
Em 2002, a réplica da aeronave passou por uma reforma que durou dois meses depois de ter sido alvo de roubo de peças e pichações. A preocupação do artista plástico espanhol Pablo Timón, autor da restauração à época, era com o vandalismo.
Mas a deterioração do monumento é um problema ainda mais antigo. O Estado já noticiou, por exemplo, que fortes chuvas e rajadas de vento danificaram, em 1982, parte de sua fuselagem.
Obras prioritárias. Em nota, o Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) informou que o 14-bis está na lista de obras prioritárias para restauro em 2018 por meio do programa Adote uma obra artística. Cerca de outras 80 peças, entre elas monumentos na Praça da Sé e no Parque do Ibirapuera, também constam na lista.
O último restauro do 14bis ocorreu em 2006, por meio de doação de recursos do Parque Aeronáutico de Marte. “De lá para cá, o órgão vem realizando limpezas periódicas, trabalho prejudicado pelos constantes atos de vandalismo”, diz a nota do DPH.