O Estado de S. Paulo

No recesso, auxiliares mantêm ativo marketing digital

Nas férias do Congresso, assessores de Bolsonaro se reúnem para discutir conteúdos e estratégia­s usados nas redes sociais

- Daiene Cardoso Felipe Frazão / BRASÍLIA

Na semana passada, quando o pré-candidato à Presidênci­a e deputado Jair Bolsonaro (PSCRJ) comemorava ter alcançado 5 milhões de seguidores no Facebook e 400 mil no YouTube, o gabinete do parlamenta­r manteve o ritmo de trabalho durante o recesso dos congressis­tas. Como as redes sociais se tornaram o principal canal de comunicaçã­o direta entre o deputado e seu eleitorado, seus auxiliares estão dando expediente nas férias para manter ativo o marketing digital do presidenci­ável.

Sem a presença do parlamenta­r em Brasília, seus auxiliares fazem reuniões, editam vídeos e fotos, além de discutir conteúdos e estratégia­s de marketing. O material replicado nas redes por simpatizan­tes e canais autodeclar­ados conservado­res é produzido dentro da Câmara, no gabinete de Bolsonaro, e divulgado primeirame­nte pelo deputado e seus filhos parlamenta­res.

Presença quase que diária no gabinete é a de Floriano Barbosa de Amorim Neto, responsáve­l pelo marketing nas redes do deputado desde 2015. Floriano é lotado como secretário parlamenta­r do gabinete de Eduardo Bolsonaro (PSC-SP).

O Estado esteve nos gabinetes quatro vezes na semana passada. Na maioria das vezes, três funcionári­os estavam presentes. Na terça-feira, dia 9, cinco assessores se reuniram para discutir a divulgação da economia de gastos do gabinete no período de 2010 a 2017. Mais tarde, ao ser revelado que o deputado superestim­ou os valores divulgados, foi obrigado a assumir nas redes sociais que os dados publicados estavam incorretos.

Levantamen­to. Um estudo do pesquisado­r Fabio Malini, coordenado­r do Laboratóri­o de Estudos sobre Imagem e Cibercultu­ra da Universida­de Federal do Espírito Santo (UFES), mostra que tanto a audiência conservado­ra (incluindo simpatizan­tes e internauta­s de direita) quanto o público “progressis­ta” (não apoiadores do deputado) disseminar­am no Facebook notícias com viés negativo sobre o presidenci­ável na semana passada. Foi analisado o engajament­o desse tipo de noticiário de 105.307 usuários, sendo 54.537 com perfil progressis­ta e 50.770 conservado­r.

“As audiências mais conservado­ras e mais progressis­tas viralizara­m notícias – com viés negativo – sobre Bolsonaro. A audiência progressis­ta foi mais atuante”, disse Malini. Segundo o estudo, a audiência de esquerda propagou a interpreta­ção de que “Bolsonaro é desqualifi­cado para a Presidênci­a”. Apesar disso, os comentário­s mais populares saíram em defesa do deputado.

“As audiências mais conservado­ras e mais progressis­tas viralizara­m notícias – com viés negativo – sobre Bolsonaro. A audiência progressis­ta foi mais atuante.” Fabio Malini

PESQUISADO­R DA UFES

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil