O Estado de S. Paulo

ONG denuncia execuções sumárias na Venezuela

Relatório anual da Human Rights Watch critica regime do presidente Nicolás Maduro por assassinat­os extrajudic­iais, prisões arbitrária­s e casos de tortura

- CARACAS

Um relatório que será divulgado hoje pela ONG Human Rights Watch denuncia a ação de grupos militares responsáve­is pela execução sumária de pelo menos 500 pessoas nos últimos dois anos na Venezuela. Além disso, o texto condena abusos durante os protestos contra o governo chavista que deixaram 125 mortos e milhares de presos sem acesso ao devido processo legal.

Criada em 2015 pelo presidente Nicolás Maduro, a Operação Libertação do Povo (OLP) tinha como objetivo responder à falta de segurança crônica no país. Sua implementa­ção, no entanto, segundo a HRW, foi marcada por incursões policiais e militares em comunidade­s de baixa renda e de imigrantes, execuções extrajudic­iais, detenções arbitrária­s em massa, torturas, despejos forçados, destruição de casas e deportaçõe­s.

Em novembro de 2017, o Ministério Público disse que mais de 500 pessoas foram mortas durante as OLPs, entre 2015 e 2017. As autoridade­s governamen­tais disseram que as mortes ocorreram durante os “confrontos” com criminosos armados – algo negado em muitos casos por familiares de vítimas ou testemunha­s. Em vários casos, as vítimas foram vistas vivas pela última vez quando estavam sob custódia policial.

O Ministério Público relatou ainda que, até 31 de julho, 125 pessoas tinham sido mortas durante incidentes ligados aos protestos contra Maduro.

O relatório aponta 2 mil casos de pessoas feridas durante a repressão. Segundo o Foro Penal Venezuelan­o, ONG que monitora direitos civis no país, cerca de 5,4 mil pessoas foram presas em conexão com as manifestaç­ões, entre abril e novembro, incluindo manifestan­tes, testemunha­s e pessoas tiradas de suas casas sem mandados.

Saques. Nos últimos dias, uma onda de saques provocou o fechamento do comércio em várias cidades do interior e levou alguns donos de lojas a recorrer a armas de fogo e machetes, provocando temores de que os tumultos possam se espalhar para a capital, Caracas. Nos primeiros 11 dias de janeiro, cerca de 107 saques ou tentativas de saques ocorreram na Venezuela. Em um dos incidentes mais dramáticos, um grupo abateu uma vaca que pastava em um campo no Estado de Mérida. O vídeo gravado por um dos homens famintos viralizou na internet

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FEDERICO PARRA/AFP Repressão. Forças de segurança bloqueiam rua de Caracas

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