O Estado de S. Paulo

Afastados pela Caixa podem ser indicados de novo

Partidos dizem que darão continuida­de a indicações políticas no banco, mesmo com regras mais rígidas, e já discutem substituto­s

- Igor Gadelha Carla Araújo/ BRASÍLIA

Partidos já discutem novos nomes ligados a eles para substituir os vice-presidente­s da Caixa que foram afastados por decisão do presidente Michel Temer por serem investigad­os por corrupção e outras irregulari­dades. Em alguns casos, não descartam até mesmo indicar o mesmo executivo que foi afastado.

O líder do PR na Câmara, deputado José Rocha (BA), confirmou que o partido avalizou a indicação de Deusdina dos Reis Pereira para a vaga de vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias e disse que o partido aguardará o resultado das investigaç­ões para decidir como vai agir. “Vamos aguardar o resultado da apuração, podendo ser indicada essa mesma pessoa”, disse ao Estadão/Broadcast.

Rocha afirmou que, caso Deusdina não possa permanecer no posto, o partido vai buscar outros nomes para assumir o cargo que estejam de acordo com o que estabelece a Lei das Estatais, sancionada em junho de 2016. A lei estabelece regras mais rígidas para escolha de dirigentes, como dez anos de atuação em cargos de empresas do setor ou quatro anos em companhias públicas.

Foram afastados também por um mês Antônio Carlos Ferreira (Corporativ­o), José Henrique Marques da Cruz (Clientes, Negócios e Transforma­ção Digital) e Roberto Derziê de Sant’Anna (Governo).

Novo líder do PRB na Câmara, o deputado Celso Russomano (SP) disse que o partido não foi responsáve­l pela indicação de Antônio Carlos Ferreira. Segundo ele, a sigla apenas “avalizou politicame­nte a permanênci­a do executivo no cargo”.

Em reservado, parlamenta­res de outros partidos lembram que a indicação do próprio presidente atual da Caixa, Gilberto Occhi, é um precedente para a continuida­de de indicações políticas. O executivo é funcionári­o de carreira do banco, mas chegou ao comando da empresa por indicação política do PP, legenda que também o indicou como ministro das Cidades durante o governo de Dilma Rousseff (PT).

Conforme apurou o Estadão/Broadcast, o MDB seria responsáve­l pela nomeação Roberto Derziê, vice-presidente de Governo da Caixa. Já o PP, de acordo com a apuração, teria sido o responsáve­l José Henrique Marques da Cruz, vice-presidente de Clientes, Negócios e Transforma­ção Digital. A reportagem não conseguiu contato com o líder da sigla, Arthur Lira (AL).

Previdênci­a. Enquanto uma parte de auxiliares do presidente tenta minimizar a crise envolvendo o afastament­o de vicepresid­entes

Retorno dos afastados

“Vamos aguardar o resultado da apuração, podendo ser indicada essa mesma pessoa” José Rocha

LÍDER DO PR NA CÂMARA

da Caixa por suspeita de corrupção, alguns interlocut­ores do Palácio do Planalto temem que o desgaste em torno do tema tenha reflexos no núcleo duro do governo e chegue a

afetar inclusive a retomada dos trabalhos do Legislativ­o, incluindo a reforma da Previdênci­a.

Para esses auxiliares, uma nova crise é temerária no momento em que Temer se esforça pela

aprovação na mudança das regras de aposentado­ria no Brasil, incluindo a participaç­ão em programas populares de TV, para diminuir a resistênci­a da população em relação ao tema.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 6/8/2015 Confirmaçã­o. Líder do PR na Câmara, José Rocha, disse que avalizou o nome de Deusdina

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