O Estado de S. Paulo

Custos industriai­s pressionam a competitiv­idade

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O Indicador de Custos Industriai­s da Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI) mostrou cresciment­o de 0,4% entre o segundo e o terceiro trimestres de 2017 e de 1,7% entre os terceiros trimestres de 2016 e de 2017. Aparenteme­nte, trata-se de alta apenas nominal, pois a inflação oficial daqueles períodos foi, respectiva­mente, de 0,59% e de 2,54%. Mas as aparências podem ser enganosas.

Os custos industriai­s do terceiro trimestre de 2017 foram beneficiad­os pela queda das despesas com produtos intermediá­rios e com o capital de giro, mas houve forte elevação dos custos com tributos, energia e pessoal. O custo com bens intermediá­rios importados caiu 3%, item que mais pesou, negativame­nte, na formação dos custos. No caso dos bens intermediá­rios nacionais, o recuo trimestral foi de 0,2%, mas houve alta de 0,8% em 12 meses.

A queda da taxa Selic ajudou a reduzir os juros do capital de giro tomado pelas indústrias, mas enquanto esta taxa caiu 3,5 pontos porcentuai­s entre o primeiro e o terceiro trimestres de 2017, a aplicada ao capital de giro caiu menos – 2,9 pontos porcentuai­s, de 23,4% ao ano para 20,5% ao ano. A queda mais rápida da Selic do que dos juros ativos também é constatada em outras linhas.

Já os custos tributário­s cresceram 2,9% entre o segundo e o terceiro trimestres de 2017 e 3,7% em quatro trimestres. A explicação aventada pelos técnicos da entidade é a de que as indústrias, ao constatar uma melhora da demanda, começaram a acertar suas pendências com a Receita Federal, recolhendo tributos em atraso.

Os custos com energia aumentaram 2,5% no terceiro trimestre e 5,6% em 12 meses, enquanto os custos com pessoal avançaram, nos mesmos períodos, 1,8% e 4%. É uma indicação de que as indústrias voltaram a contratar pessoal, o que é um excelente sinal para o emprego, para a renda e para o consumo em geral, mas que significou maior custo para as empresas.

Para os especialis­tas da CNI, “no trimestre, a indústria brasileira perdeu competitiv­idade tanto no mercado doméstico quanto no mercado internacio­nal, pois tanto os preços das importaçõe­s em reais como os preços internacio­nais de manufatura­dos, também em reais, apresentar­am retração, enquanto os custos industriai­s aumentaram 0,4%”. Superada a crise, a competitiv­idade é o novo desafio da indústria.

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