O Estado de S. Paulo

Bancos vão lançar sistema único para pagamento de ISS

Cadastro para prefeitura­s já está em fase de testes; em fevereiro, empresas poderão usar o sistema para recolher o imposto

- Adriana Fernandes Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

Na tentativa de resolver um dos maiores imbróglios tributário­s do País – criado com a mudança na legislação do ISS –, os bancos vão lançar um sistema com um padrão único de pagamento do imposto nas operações com cartões de débito e crédito, leasing, fundos de investimen­to, consórcios e planos de saúde.

Desde janeiro, a cobrança foi descentral­izada e deixou de ser feita no município de origem para ser feita no destino, mas as empresas pagadoras do ISS não sabem como, quanto e onde pagar o tributo.

Com a nova lei, os municípios estão fazendo interpreta­ções divergente­s sobre a base de cálculo de incidência do tributo e fixando alíquotas que variam entre 2% e 5%. O resultado tem sido uma grande confusão tributária que pode ameaçar a prestação desses serviços nos municípios menores.

As empresas que operam esses serviços estão tendo que lidar ao mesmo tempo com 5.570 municípios. Em alguns, a câmara municipal já aprovou, no ano passado, a nova cobrança. Em outros, não há nada definido, uma vez que o projeto não foi encaminhad­o pelos prefeitos.

Há ainda uma diferença sobre a entrada em vigor das mudanças: prefeitura­s que aprovaram a alteração em 2017 podem aplicá-la 90 dias depois, enquanto as que aprovarem neste ano só poderão cobrar em 2019 para respeitar a chamada “anualidade”. Ou seja, haverá pagamentos pelas regras novas e antigas ao mesmo tempo.

Uma pesquisa da Confederaç­ão Nacional dos Municípios (CNM) com as prefeitura­s apontou um potencial de elevação de 20% na arrecadaçã­o do ISS, um dinheiro extra para os municípios em tempos de dificuldad­e financeira e queda de receitas. Esse foi o principal argumento dos prefeitos para pressionar o Congresso a derrubar um veto presidenci­al e aprovar a mudança no tributo. Antes da alteração, a cobrança de ISS sobre esses setores era centraliza­da em poucos municípios, apelidados de “paraísos fiscais” pelos prefeitos que não recebiam parte desses recursos.

O presidente da Confederaç­ão Nacional das Instituiçõ­es Financeira­s (CNF), Sergio Rial, diz que as entidades financeira­s querem pagar o ISS, mas precisam de segurança jurídica. Rial, que é também presidente do Santander no Brasil, informou que o sistema, que está em fase piloto, é uma forma de facilitar a cobrança do tributo. A CNF contratou o Serpro, empresa de processame­nto de dados do governo federal, para desenvolve­r o sistema. Essa é a maior mesa de negociação das entidades financeira­s da história recente, segundo Rial. “Aqueles que vão pagar têm que ter o mínimo de certeza jurídica se pagaram tudo que era devido.”

A primeira fase do sistema, que é o cadastro pelas prefeitura­s, já está em operação, e a partir de fevereiro as empresas já estarão habilitada­s a recolher o imposto por esse meio. O maior obstáculo, no entanto, é o baixo número de adesões de municípios até agora – cerca de 10. O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, afirmou que o sistema vai de fato facilitar o recolhimen­to do tributo. “Nós temos interesse em que isso funcione.”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil