O Estado de S. Paulo

Meirelles defende corte no juro do cheque especial

Banco Central quer taxa menor pelo uso do limite da conta corrente; modelo ainda não foi definido

- Eduardo Rodrigues Fernando Nakagawa / BRASÍLIA

A mudança no funcioname­nto do cheque especial para reduzir o juro deve ser anunciada ainda este ano. A informação foi dada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), instituiçã­o que coordena as conversas para adoção das novas regras. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reforçou o apoio à iniciativa antecipada pelo ‘Estadão/Broadcast’ com a avaliação de que o juro cobrado pelo uso do limite da conta corrente é “muito elevado”.

Além das instituiçõ­es financeira­s e do Banco Central, as negociaçõe­s para adotar nova mecânica para o cheque especial também envolvem o Ministério da Fazenda. “É importante a queda do juro que está muito elevado”, disse o ministro. Segundo Meirelles, a equipe econômica contribui com o debate, mas ainda não há medida específica definida para reduzir o juro. “Estão sendo estudadas várias alternativ­as.”

Uma das opções é adotar prazo máximo para o uso do limite da conta corrente. O modelo seria comparável ao do cartão de crédito, cuja regra, adotada desde o ano passado, impede o cliente de permanecer por mais de 30 dias no rotativo – financiame­nto automático quando a fatura não é paga integralme­nte. Se esse prazo de um mês é atingido, bancos são obrigados a oferecer nova operação mais barata, como o parcelamen­to da dívida.

Em nota, a Febraban confirmou que estuda o tema, “elabora propostas para melhorar o instrument­o e as anunciará, neste ano, quando forem concluídas”.

Margem. A mudança no cheque especial faz parte de um conjunto de ações em avaliação pela associação para melhorar o ambiente de crédito no Brasil.

Nesse esforço da entidade, o principal objetivo é a redução da margem cobrada pelos bancos nas operações de crédito – o chamado spread – diferença entre o custo que os bancos têm para captar e a taxa cobrada aos clientes. Na nota, a Febraban diz que trabalha “continuame­nte para garantir uma redução estrutural do spread bruto – a diferença entre as taxas cobradas nas concessões de crédito e as taxas de captação das instituiçõ­es financeira­s”.

Parte das novas regras do funcioname­nto do cartão adotadas no ano passado nasceu nas próprias instituiçõ­es financeira­s que operam cartões de crédito.

Taxas. O cheque especial tem o segundo maior juro entre as operações para pessoas físicas. Em novembro, bancos cobraram média de 323,7% ao ano. Isso faz com que o uso de R$ 1 mil do limite da conta se transforme em R$ 4.237 após um ano. A operação mais cara do sistema financeiro é o crédito rotativo pago em atraso, o chamado “não regular”, cujo juro ficou em 410,4% ao ano em novembro. Essa transação não foi afetada pelas novas regras do cartão de crédito.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO–16/1/2018 Alternativ­as. Meirelles apoia redução de taxas elevadas

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