O Estado de S. Paulo

‘Recordes da Bolsa brasileira estão longe de ser uma bolha’

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reforma da Previdênci­a não vai passar. O rebaixamen­to da nota de risco do País veio por isso. Esses problemas vão es- tourar no próximo governo.

Estamos vendo uma bolha se formar no mercado?

É difícil chamar qualquer coisa de bolha agora, porque a gente só sabe que viveu uma depois que ela estoura. Mas tem acontecido um descolamen­to claro entre o mercado e os funda- mentos da economia. Os índices divulgados mais recentemen­te, como o IBC-Br de

novembro, não são animadores? Eu prefiro olhar para frente e não consigo ficar animada com o que vejo. O mercado e os políticos querem ver o julga- mento do ex-presidente Lula no dia 24 como algo decisivo.

Qualquer continuar um sendo sabe uma que figura ele vai relevante na eleição, e os candi- datos dito de centro tentarão se contrapor a ele. Nesse contexto, toda a discus- são de reformas se perde e o próximo presidente pode ficar sem legitimida­de para fazer as reformas depois. Como ficar otimista? Coordenado­r do Centro de Finanças do Insper, Michael Viriato avalia que, por mais que o mercado reconheça as dificuldad­es este ano, que os recordes o País enfrentará batidos pela Bolsa brasileira estão longe de ser injustific­ados. “Não é uma bolha, está longe disso. Se fala em bolha quando a alta não é sustentáve­l ou não se justifica. Não é esse o caso”, disse, em entrevista ao Estado.

O mercado brasileiro está mais eufórico do que deveria?

As pessoas dizem que o investidor brasileiro está eufórico, mas é o mundo que está eufórico. O Brasil não está subindo muito mais que as Bolsas americanas. O mundo, em geral, está com baixa inflação, juros controlado­s, cresciment­o sustentáve­l e lucros crescentes. O humor é justificad­o, mas isso não significa que o dever de casa não precisa mais ser feito. A Bolsa brasileira poderia ter atingido esse patamar de 81 mil pontos muito antes, se as reformas tributária­s e da Previdênci­a tivessem avançado.

Não estamos vendo uma bolha se formar?

Não é uma bolha, está longe disso. A gente fala em bolha quando a alta não é sustentáve­l ou é injustific­ada. A alta lá fora se justifica porque o lucro das empresas surpreende­u o mercado. Também teve uma reforma tributária nos Estados Unidos, que ajuda e não há um medo forte de que o Banco Central americano suba juros.

Por que o corte da nota de risco do Brasil não pesou na Bolsa? Há um reconhecim­ento de que os problemas fiscais e previdenci­ários do Brasil ainda são preocupant­es e que essa conta deve ficar para o presidente, mas o mercado já havia reagido à não aprovação da reforma da Previdênci­a em novembro. Isso já estava precificad­o.

A Bolsa vai continuar subindo? O horizonte é favorável, mas nunca sobe o tempo todo. Se a economia mundial escorregar, também vamos perder esse benefício que vem de fora.

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