O Estado de S. Paulo

Flávio Rocha lança manifesto político em NY

Dono da Riachuelo defende candidato ‘liberal na economia, mas conservado­r nos costumes’

- Luciana Dyniewicz

O empresário Flávio Rocha, dono da Riachuelo, lançou ontem, em Nova York, um manifesto em favor de um candidato à Presidênci­a do Brasil que tenha a “coerência” de um discurso liberal do ponto de vista econômico e “conservado­r nos costumes” – algo que, até agora, não apareceu no debate eleitoral, segundo Rocha.

Batizado de Brasil 200 – em referência ao aniversári­o de 200 anos da independên­cia do Brasil, que será completado em 2022, no último ano do mandato do próximo presidente –, o movimento também é encabeçado por empresário­s como Luiza Trajano, Roberto Justus e Walter Torre.

“Quero sugerir a todos vocês que chegou a hora de uma nova independên­cia: é preciso tirar o Estado das costas da sociedade, do cidadão, dos empreended­ores, que estão sufocados e não aguentam mais seu peso. Chegou o momento da independên­cia de cada um de nós das garras governamen­tais”, discursou o empresário no luxuoso Hotel Mandarin.

Ao Estado, Rocha acrescento­u que todos os possíveis candidatos à Presidênci­a têm um discurso “cruzado”. Para ele, a maioria dos nomes “vai bem” quando fala de economia, defendendo políticas liberais, mas tropeça nas questões sociais. “São como o (presidente francês, Emmanuel) Macron.” O Brasil 200 defende uma agenda que, entre outros pontos, permita o porte de armas e tenha um posicionam­ento conservado­r em relação a questões de gênero. “Não se ganha eleição se não tiver coragem de se posicionar contra o marxismo cultural.”

De acordo com o empresário, Jair Bolsonaro também não é coerente: se apresenta como conservado­r socialment­e, mas “de esquerda na economia”, diz. “Até agora, não há um candidato coerente, e o povo está clamando por isso, por alguém liberal na economia e conservado­r nos costumes.”

O Brasil 200 deverá apresentar sua pauta aos candidatos e ao Legislativ­o e cobrar o andamento da implementa­ção das propostas nos próximos quatro anos, disse Rocha. Os empresário­s também pretendem incentivar um maior protagonis­mo político no setor corporativ­o. “Um outro desdobrame­nto que pode acontecer é que (os possíveis candidatos) percebam que adotaram um erro estratégic­o até agora e mudem seu discurso”, acrescento­u.

Questionad­o se poderia ser esse candidato “mais coerente”, Rocha afirmou não ter representa­tividade eleitoral para entrar na disputa. “Sou quase um anônimo.”

De acordo com o dono da Riachuelo, o movimento Brasil 200 seria lançado na próxima semana no Brasil, mas a informação acabou se espalhando em Nova York, onde ocorre a maior feira de varejo do mundo. Nos bastidores do evento, comenta-se que Luciano Huck também não atenderia à agenda conservado­ra que os empresário­s demandam.

No discurso feito em Nova York, Rocha afirmou ainda que a crise brasileira não é casual. “Desde 2009, quando nasceu a famigerada e insana ‘Nova Matriz Econômica’, o Brasil foi jogado num buraco que ainda levaremos muitos anos para sair.”

O empresário defendeu uma economia de livre mercado e afirmou que o País optou, há décadas, “por odiar” os empreended­ores e investidor­es. “Os resultados falam por si. Agora é hora de mostrar que é possível outro caminho.”

Rocha ainda criticou os governo do PT e seus líderes, a quem chamou de “quadrilha”. “Não é possível que o líder das pesquisas para presidente seja não apenas o maior responsáve­l pela crise como um criminoso condenado à prisão.”

“É preciso tirar o Estado das costas da sociedade, do cidadão, dos empreended­ores, que estão sufocados e não aguentam mais seu peso. Chegou o momento da independên­cia de cada um de nós das garras governamen­tais.” Flavio Rocha

EMPRESÁRIO

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GABRIEL KANNER Lançamento. Flávio Rocha discursou ontem à noite na maior feira de varejo do mundo

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