Mudança em barco e mau tempo causaram naufrágio na Bahia
Negligência e imprudência foram causas do acidente que deixou 19 mortos no ano passado, segundo laudo
Negligência e imprudência foram as causas do naufrágio do barco Cavalo Marinho, ocorrido no dia 24 de agosto do ano passado. Dezenove pessoas a bordo da embarcação que fazia a travessia entre a Ilha de Itaparica e Salvador, na Baía de Todos os Santos, morreram. A conclusão da investigação sobre o acidente, realizada pela Marinha, foi divulgada ontem.
O inquérito, de 1,2 mil páginas, reúne cerca de 50 interrogatórios, depoimentos de testemunhas, laudos técnicos e simulações para apurar as circunstâncias do acidente e apontar os responsáveis pela tragédia.
O comandante do 2.º Distrito Naval, o vice-Almirante Almir Garnier Santos, e o capitão dos Portos, Leonardo Reis, que apresentaram o resultado da investigação em entrevista, disseram que o levantamento aponta que o engenheiro responsável pelo barco e o proprietário da embarcação agiram de forma negligente e que o comandante do barco foi imprudente.
Eles observaram que, apesar de o barco ter passado por vistoria da Marinha quatro meses antes da tragédia, no mês de maio foram realizadas mudanças irregulares, sem nova avaliação do órgão responsável.
Reis destacou a instalação de um novo lastro na embarcação, formado por pedras, com cerca de 400 quilos. Segundo ele, o balanço da lancha, no mar agitado, fez com que as pedras corressem para o mesmo lado que os passageiros, causando o naufrágio. A embarcação também foi exposta a condições meteorológicas adversas.
Defesa. O laudo será encaminhado ao Tribunal Militar, no Rio, para ser validado por novos especialistas, ainda sem previsão de conclusão. Os implicados no acidente já foram notificados pela Marinha e têm prazo de dez dias para apresentar defesa. No dia do acidente, a lancha transportava 120 passageiros. Chovia e ventava no momento do acidente e o barco virou dez minutos após o início do percurso.