Serviços recuaram 2,8% em 2017, a 3ª queda anual seguida
Em dezembro, porém, setor registrou crescimento, dando sinais de recuperação, segundo analistas
O volume de serviços prestados no País registrou crescimento no último mês de 2017, mas o resultado do ano ainda foi negativo. O setor encolheu 2,8%, o terceiro recuo anual consecutivo, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar da perda, especialistas apontam que há sinais de recuperação em algumas atividades, o que confirma a expectativa de desempenho melhor do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro este ano. O setor de serviços cresceu 1,3% na passagem de novembro para dezembro. Na comparação com dezembro do ano anterior, o avanço foi de 0,5%, interrompendo 32 meses seguidos de quedas.
“A atividade (de serviços) continuava recuando e agora parece que entrou em rota positiva, como a indústria e varejo”, avaliou o economista Luiz Castelli, da consultoria GO Associados, que estima um avanço de 3,2% para o PIB de 2018. “Esses dados reforçam os sinais de que 2018 será um ano relativamente bom para a atividade.”
O único segmento a escapar do vermelho em 2017 foi o de transportes, beneficiado pela recuperação da indústria, que gera demanda tanto para escoar a produção quanto para transporte de matéria-prima, apontou Roberto Saldanha, analista da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. Os Transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio tiveram um crescimento de 2,3% no ano passado.
Apesar da melhora da conjuntura econômica, Saldanha lembrou que os serviços como um todo demoram mais a reagir à recuperação dos demais setores da atividade econômica. Uma retomada mais consistente dependeria de novos resultados positivos da indústria e da recuperação da demanda de governos federal, estaduais e municipais. O pesquisador lembrou ainda que mesmo o aumento na massa de renda dos trabalhadores registrado em 2017 não foi canalizado para o consumo de serviços prestados às famílias, mas sim para a aquisição de bens materiais.
O segmento de serviços prestados às famílias registrou recuo de 1,1% em 2017. Os serviços de informação e comunicação caíram 2,0%; Serviços profissionais, administrativos e complementares, -7,3%; e o segmento de Outros Serviços, -8,9%. “A recuperação do setor de serviços geralmente é mais lenta, atua a reboque de outros setores”, disse Saldanha.
O fraco desempenho das atividades voltadas para os investimentos foi o que prolongou a recessão no setor terciário, na avaliação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A entidade, porém, prevê que os serviços voltem a crescer este ano. A alta estimada é de 0,7%, puxada pela expectativa de maior crescimento econômico, pelo efeito defasado da redução na taxa de juros e pela melhora do mercado de trabalho.