Magia de Harry Potter vai chegar à Broadway
Sucesso na Inglaterra, ‘A Criança Amaldiçoada’, de J. K. Rowling, estreia em 22 de abril em Nova York
Joanne Kathleen Rowling parecia um pouco tensa. Tinha acabado de terminar um segmento para TV junto com seus colaboradores, falando sobre Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, o oitavo episódio – e o único teatralizado – da sua celebrada saga, com sessões prévias começando em 16 de março no Lyric Theater na Broadway. Agora, ela tinha mais uma entrevista a conceder.
J. K. Rowling é uma pessoa conhecidamente reclusa. E famosíssima. Seus livros sobre Harry Potter alcançaram 450 milhões de cópias desde que o primeiro foi publicado em 1997, gerando um império que hoje abrange filmes e produções derivadas como o filme Fantastic Beasts (Animais Fantásticos e Onde Habitam), ou parques temáticos do Mundo de Harry Potter e romances de detetives (escritos sob pseudônimo) que se transformaram em séries de TV.
Como quase tudo o que ela faz, esta sua primeira incursão no teatro causou um estrondo. Críticas entusiasmadas, ingressos esgotados em Londres, conquistando nove prêmios no Olivier Awards do ano passado, o equivalente britânico do Tony, premiação dos melhores do teatro nos Estados Unidos.
Mas Rowling, que iniciou sua vida de escritora quando era uma mãe solteira em dificuldades e escreveu sua primeira história de Harry Potter em cafés, parecia determinada a não ter absolutamente nada como certo.
“Para nós, este é o novo desafio”, disse ela, olhando para John Tiffany, o diretor da peça, e Jack Thorne, seu alto e esquelético dramaturgo, sentados ao lado dela nos bastidores do Palace Theater, em West End. “A Broadway é um lugar amedrontador”, disse ela.
A Broadway é um lugar amedrontador, com novas produções, mesmo aquelas baseadas em histórias amadas pelo público, comumente não concretizando as esperanças e os sonhos dos seus produtores. E Harry Potter e a Criança Amaldiçoada enfrenta alguns desafios em Nova York que não se verificaram quando estreou em Londres em julho de 2016, com uma aura de mistério, entusiasmo e expectativa muito maior do que tem ocorrido com muitas eleições presidenciais.
O segredo envolvendo a trama, coletivamente desenvolvida por Rowling, Thorne e Tiffany, alimentou uma obsessão crescente com o que a peça revelaria sobre Harry e Companhia, e uma campanha #keepthesecret colaborou para criar uma espécie de clube de amigos entre o público que compareceu à pré-estreia.
Mas agora que o roteiro já foi publicado, críticas escritas e tuítes postados a respeito, a trama – a trajetória para a idade adulta do segundo filho de Harry, Albus, é conhecida. (De acordo com a Scholastic, editora de Harry Potter, a versão em livro de A Criança Amaldiçoada já vendeu cinco milhões de cópias nos Estados Unidos.)
Ao contrário de muitos espetáculos na Broadway dirigidos a famílias, A Criança Amaldiçoada é uma peça, não um musical, e vai competir com a adaptação, musical, de Frozen, desenho animado de grande sucesso da Disney.
“É inusitado não transformar uma grande franquia como esta em um musical”, contou Sonia Friedman, que, com Colin Callender, produziu a peça em Londres e Nova York.
Embora sete membros do elenco original participem da nova produção – incluindo Jamie Parker como Harry, Norma Dumezweni como Hermione, Sam Clemmett como Albus e Anthony Boyle no papel de Scorpius – nenhum deles é um nome extremamente popular.
Além disso, Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, que estreia oficialmente em 22 de abril, dura cinco horas e 15 minutos e é encenado em duas partes (vistas em um dia ou em noites diferentes).
A mágica será teletransportada através do oceano? Uma tenda foi montada diante da entrada do teatro para garantir. /