Prêmios celebram melhores e piores do ano
Referência dos independentes, Spirit elegeu ‘Corra!’; já o Framboesa apontou Tom Cruise como o pior ator de 2017
De pijama e chinelos, Frances McDormand continua provocadora – foi assim trajada que ela recebeu o prêmio de melhor atriz, sábado de noite, na festa do Film Independent Spirit Awards, em Santa Mônica, por sua vigorosa interpretação em Três Anúncios Para um Crime. “Eu continuo a ficar maravilhada com o fato de me deixarem vir até esse microfone”, brincou ela, erguendo um dos chinelos. O filme ganhou ainda o prêmio de melhor coadjuvante para Sam Rockwell.
A descontração era permitida, pois o Spirit é a maior premiação de filmes independentes. O que vale é o experimentalismo, com boa dosagem de originalidade. É o que justifica os troféus de melhor longa e melhor diretor para Jordan Peele, de Corra!. “Isso significa muito”, disse o cineasta, ao receber o prêmio. “Estamos no início de um renascimento agora, onde histórias ‘outsiders’ estão sendo honradas, reconhecidas e celebradas.”
Timothée Chalamet, a estrela em ascensão de 22 anos, foi eleito o melhor ator por Me Chame Pelo Seu Nome, enquanto a veterana Allison Janney, que ganhou todos os prêmios como mãe abusiva na cinebiografia Eu, Tonya, ganhou o troféu de melhor atriz coadjuvante.
Já Tom Cruise não tinha muito o que comemorar, no sábado. O sofrível remake de A Múmia, estrelado por ele, lhe garantiu o prêmio de pior ator do ano, conferido pelo tradicional Framboesa de Ouro, uma criação do publicitário John Wilson, que chegou à 38.ª edição. Ele teve a ideia quando decidiu parodiar a cerimônia do Oscar – assim, sempre no sábado anterior à premiação da estatueta dourada, Wilson divulga sua lista formada pelo mais trash produzido por Hollywood. Mas, atacado por problemas financeiros, ele não tem realizado mais a cerimônia de entrega de prêmios, à qual raramente aparece um premiado – Halle Berry e Sandra Bullock são exceções.
Com cerca de mil eleitores, espalhados pelos EUA (exceto Montana) e 26 outros países, o Framboesa (ou Razzie, como é conhecido) de pior longa de 2017 foi para Emoji: o Filme, enquanto Tyler Perry ganhou como pior atriz por “sua 10.ª participação como uma popular drag queen” em Boo 2! A Madea Halloween. Já a pior coadjuvante foi a ex-vencedora do Oscar Sharon Stone, por Cinquenta Tons Mais Escuros, também o pior remake e a pior sequência.
Mel Gibson voltou aos filmes e faturou o Framboesa de pior coadjuvante pelo seu “cômico retorno” em Pai em Dose Dupla 2. Emoji teve também o pior diretor do ano, Anthony (Tony) Leondis, pior roteiro e pior combo. Uma nova categoria surgiu, graças ao acordo com o site Rotten Tomatoes, especializado em cinema e que elegeu Baywatch.