O Estado de S. Paulo

Operação na Rocinha deixa oito mortos

Troca de tiros entre PM e suspeitos durou quase 1 hora; situação é tensa desde quinta

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Uma troca de tiros entre bandidos e policiais militares terminou com pelo menos oito mortos na manhã de ontem na Favela da Rocinha, zona sul do Rio. Moradores relatam clima de tensão no local.

A polícia afirma que agentes do Batalhão de Choque faziam patrulhame­nto de rotina quando o grupo disparou contra a equipe. Houve troca de tiros em dois pontos, por cerca de uma hora. Conforme a PM, seis das vítimas foram achadas feridas, mas morreram no hospital.

À tarde, outros dois corpos foram levados por moradores à passarela que liga a favela à Vila Olímpica da Rocinha, onde ficaram até a perícia chegar. A PM diz que os oito eram suspeitos. Sete foram identifica­dos e quatro têm passagem pela polícia. À TV Globo, parentes de dois mortos negaram envolvimen­to das duas vítimas com o tráfico.

A Polícia Civil vai investigar o caso. Os PMs foram ouvidos e tiveram as armas apreendida­s para perícia. Com os suspeitos, foram achados um fuzil, seis pistolas e duas granadas. O cerco na comunidade foi reforçado, com monitorame­nto aéreo.

Janeiro teve 154 mortos pela polícia do Rio, maior número para um mês em 15 anos, segundo o governo estadual. Desde fevereiro, a segurança do Rio está sob intervençã­o federal, com comando das Forças Armadas.

“Está tenso desde quinta. As crianças estão sem aula e todo mundo preso em casa. Muito tiro, muito”, contou ao Estado uma moradora, de 36 anos. “Meus filhos querem ir à praia, mas como deixar? Sair para trabalhar não dá também. Tem patrão que entende, mas não é todo mundo. Tem muita polícia na rua, mas garante nada”, desabafou ela, mãe de três filhos e

sem trabalhar desde quinta. Parte da favela ficou sem luz.

Nas redes sociais, também há relatos de medo. “Vinha do trabalho e tive de me jogar no chão da van junto com motorista e passageiro­s, na rua os policiais dando tiro”, disse uma mulher.

Para moradores, os PMs buscam quem matou o soldado Felipe Mesquita na favela, na última quarta. “Agora será um banho de sangue”, escreveu um homem. A PM não confirma que a ação esteja ligada ao crime. Foram mortos 28 PMs no Rio este ano, diz a Secretaria de Segurança – um a cada três dias. No tiroteio de quarta, morreu ainda um morador de 70 anos.

Em setembro, a favela foi ocupada pelos militares por uma semana após alta de violência na disputa entre facções rivais.

Marielle. Ontem, o Facebook tirou do ar uma página responsáve­l por espalhar fake news sobre a vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), assassinad­a este mês. A Polícia Civil abriu investigaç­ão para rastrear autores de difamações./DENISE LUNA, IGOR FERRAZ e FABIO GRELLET

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JOSE LUCENA/FUTURA PRESS Rio. Com o grupo baleado, PM achou 1 fuzil e 6 pistolas

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