O Estado de S. Paulo

Por Marina, Rede lança 13 pré-candidatos a Governo.

Partido já definiu pelo menos 13 pré-candidatos a governador; falta de recursos para a eleição, no entanto, é problema para a sigla

- Marianna Holanda

A Rede Sustentabi­lidade já lançou 13 pré-candidatos a governador nos Estados, número considerad­o elevado mesmo se comparado com partidos de grande porte. A ofensiva faz parte de uma estratégia para compensar a expectativ­a de que a presidenci­ável da sigla, Marina Silva, terá poucos segundos no horário eleitoral na TV. Nas mais recentes pesquisas de intenção de voto, Marina aparece bem posicionad­a e disputaria o segundo turno com o deputado federal Jair Bolsonaro (PSLRJ) em um cenário sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Minas Gerais, Tocantins, Espírito Santo, Amazonas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Roraima, Rondônia e Bahia terão chapas para governador da Rede. Mesmo com recursos escassos – se comparados a outros partidos – a sigla pretende ter número igual ou superior de candidatos aos governos.

O PSDB, por exemplo, discute alianças locais e ainda não lançou oficialmen­te nenhuma précandida­tura, mas pretende anunciar entre 10 e 12 nomes. A expectativ­a dos emedebista­s é encabeçar chapas em até 14 Estados. O PT, em dez.

“Decidimos que teríamos nos Estados pelo menos uma candidatur­a majoritári­a para dar suporte à campanha de Marina Silva. As majoritári­as dão uma visibilida­de muito importante para a presidenci­al”, disse Lucas Brandão, coordenado­r da Rede. Além dos pré-candidatos a governador já anunciados, o partido também vai lançar até 17 candidatos ao Senado.

Os nomes da Rede para o Executivo estadual devem enfrentar a mesma dificuldad­e de Marina no plano federal: se a sigla não conseguir se manter com cinco parlamenta­res no Congresso, não têm lugar garantido nos debates de televisão. Além disso, com a bancada reduzida, se não fecharem aliança com outros partidos, terão apenas cerca de 12 segundos de propaganda eleitoral, segundo cálculos da própria legenda.

Entre os pré-candidatos da Rede estão “veteranos” da política, como o deputado federal Miro Teixeira (RJ) – na Câmara desde 1971 –, até o autor da Lei da Ficha Limpa, o ex-juiz Márlon Reis (TO) (mais informaçõe­s nesta página).

Lançado em Santa Catarina, Rogério Portanova já passou pelo PT, PMDB e PV. Há três anos, foi um dos fundadores da Rede. “Se as eleições fossem hoje, eu não teria chance, sou pequeno, não tenho recursos”, disse. Por que concorrer, então? “Eleger a Marina é o principal objetivo, desde a primeira reunião. Estou ancorando dois grandes projetos: fazer campanha para a Marina e fazer candidatos em todas as regiões do Estado para eleger pelo menos um deputado estadual”.

Com o discurso da terceira via, que acompanhou Marina nas duas últimas eleições presidenci­ais, os nomes da Rede nos Estados também enfrentam dificuldad­es de fechar alianças com partidos tradiciona­is.

João Batista Mares Guia, précandida­to mineiro, foi fundador do PT e secretário de Educação do ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) – condenado no mensalão mineiro a mais de 20 anos de prisão –, afirma que “não tem como fazer coligação no primeiro turno”. Irmão do ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, ele diz que os partidos representa­m “as mesmas elites que há anos e anos vem governando Minas Gerais”.

Em Rondônia, o cientista político Vinicius Raduan Miguel, de 33 anos, vai concorrer a um cargo público pela primeira vez. Raduan Miguel faz parte do grupo das candidatur­as cidadãs da Rede – integrante­s de movimentos que pretendem ingressar na política, sem necessaria­mente fazer parte organizaci­onal do partido. Anteontem, o partido anunciou uma aliança com a Frente Favela Brasil em São Paulo. Amanhã será a vez do Brasil 21.

Dinheiro. Fundada em 2015, a Rede receberá neste ano R$ 780 mil do Fundo Partidário – dinheiro que não pode ser usado integralme­nte na campanha. O Tribunal Superior Eleitoral só deve divulgar os valores exatos em junho, mas a sigla deve receber R$ 10,7 milhões do fundo eleitoral público. A soma é inferior ao que o PT, MDB e PSDB receberão apenas de Fundo Partidário – R$ 17,2 milhões, R$ 13,8 milhões e R$ 14,2 milhões, respectiva­mente. Do fundo eleitoral, o MDB deve receber ainda R$ 243,2 milhões, o PT, R$ 212,3 milhões e o PSDB, R$ 185,8 milhões.

A Rede deve entrar com ação nas próximas semanas no Supremo Tribunal Federal questionan­do a distribuiç­ão do fundo para ampliar de 2% para 5% a parte que é repassada igualitari­amente – o que representa­ria mais R$ 2 milhões.

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ALEX SILVA/ESTADÃO Guia. Nomes da Rede nos Estados seguirão discurso de terceira via já usado por Marina

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