O Estado de S. Paulo

A mente do novo conselheir­o de Trump

- HELIO GUROVITZ E-MAIL: HELIO.GUROVITZ@ESTADAO.COM TWITTER: @GUROVITZ

O novo conselheir­o de Segurança Nacional de Donald Trump, John Bolton, foi criticado na campanha eleitoral por nacionalis­tas, neoproteci­onistas e racistas da altright. Mas ninguém tem tanto em comum com Trump em política externa. “O serviço diplomátic­o deveria ser advogado dos interesses americanos, não ficar se desculpand­o”, disse Bolton em 2007.

Bolton nunca fez parte da turma dos “neocons”, que comandava a estratégia internacio­nal de George W. Bush. Ao contrário, foi ejetado do governo Bush por divergir de Condoleezz­a Rice, quando ela assumiu o Departamen­to de Estado. “Os neocons acham que, se o mundo estivesse cheio de democracia­s, não haveria guerra”, afirmou. “Mas isso é contra o espírito humano.”

Filho de um bombeiro de Baltimore, ex-colega em Yale do juiz Clarence Thomas (seu amigo), de Bill e Hillary Clinton (“não andava com eles”), Bolton militou na campanha conservado­ra de Barry Goldwater, em 1964. Despreza organismos multilater­ais como a ONU, onde por ironia foi embaixador. Em sua gestão, os EUA saíram do Tratado de Mísseis Antibalíst­icos, retiraram o apoio à proibição a testes nucleares e se recusaram a aderir ao Tribunal Penal Internacio­nal. “Nossa ênfase deve ser mais na liberdade que na democracia”, escreveu em Surrender is not an option (Render-se não é uma opção).

Desde o governo Bush, Bolton era favorável a atacar instalaçõe­s nucleares iranianas e norte-coreanas. Em agosto, defendeu romper o acordo com o Irã. Há um mês, argumentou em favor de um ataque preventivo à Coreia do Norte. Fará o possível para Trump rasgar o tratado nuclear e desistir de encontrar o ditador Kim Jong-un.

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JUSTIN LANE/EFE
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