O Estado de S. Paulo

A geração do milênio, se for às urnas, mudará o país

- Paul Taylor / W. POST ✽ É ESCRITOR TRADUÇÃO DE CLÁUDIA BOZZO

Caso o controle de armas se transforme no portal que levará a desconfiad­a geração dos millennial­s a seguir até a cabine de votação, os EUA estarão prestes a vivenciar uma reformulaç­ão. Jamais o país produziu uma geração com visões políticas e traços demográfic­os tão diferentes dos mais velhos. Em quase todas as questões importante­s – imigração, saúde, mudança climática, igualdade de gênero, disparidad­e racial, identidade sexual, desigualda­de econômica, uso da força militar, desaprovaç­ão presidenci­al – os millennial­s são de longe a mais liberal de nossas gerações adultas.

Ironicamen­te, o controle de armas é um dos poucos problemas que nunca causou um conflito de gerações. Mas, pela força de seus números, estágio de vida e valores fundamenta­is, a geração dos millennial­s tem o potencial de levar os EUA para além do inflamado impasse que levou uma envelhecid­a classe política para a direita enquanto a cultura popular e comercial centrada nos jovens empurra o restante da sociedade para a esquerda. Se os millennial­s começarem a votar na mesma proporção que as gerações mais velhas, eles vão alinhar a política ao espírito dos tempos.

Isso não vai acontecer da noite para o dia. E pode nem acontecer, pois a maioria dos millennial­s é alérgica à política. Em suas jovens vidas, eles foram líderes ou soldados em muitos dos movimentos progressis­tas de protesto – Occupy Wall Street, Black Lives Matter, #MeToo, March for Our Lives –, mas seu ativismo até agora tem sido “mais de protestar que votar”.

A geração do milênio amadureceu na época em que a tecnologia reinventa o mundo todos os dias, enquanto a política está atolada em uma confusão tóxica de impasse, reação e recriminaç­ão. Nas últimas eleições locais e para o Congresso, votaram apenas 20% dos jovens entre 18 e 29 anos, menos da metade da parcela dos mais velhos em 2014, e um terço a menos do que a parcela de seus colegas de mesma idade que votaram em 1978. O que torna os millennial­s tão distintos e com tanto potencial de transforma­ção se resume a uma única caracterís­tica: diversidad­e. Cerca de 44% dos millennial­s são negros, hispânicos, asiáticos ou mestiços. Eles são o arco-íris criado por uma onda de imigração moderna que trouxe 60 milhões de novos habitantes às costas americanas desde 1965, sendo quase 9 entre 10 não brancos. /

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