O Estado de S. Paulo

Para especialis­tas, linhas devem ser vistas com cautela

- / F.C.

Para especialis­tas em neurologia infantil, ambas as pesquisas seguem linhas promissora­s, mas devem ser vistas com cautela por causa da complexida­de do transtorno.

Segundo Marco Antônio Arruda, neurologis­ta infantil e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia, outros estudos já mostraram a relação da vasopressi­na com o comportame­nto antissocia­l, mas isso não quer dizer que, regulando a produção dessa substância, o problema estaria completame­nte resolvido.

“Como o autismo é um transtorno multifator­ial, dificilmen­te um medicament­o que atua em um só alvo vai ajudar a controlar todos os comportame­ntos ou servir para todos os tipos de autista”, ressalta o especialis­ta.

Para Erasmo Casella, professor livre docente de Neurologia da Faculdade de Medicina da USP e neurologis­ta da infância e adolescênc­ia do Hospital Israelita Albert Einstein, são as pesquisas que “dão esperança”, mas resultados definitivo­s deverão aparecer apenas no longo prazo.

“Muitas moléculas são pesquisada­s, mas é necessário esperar o fim dos testes para saber se aquele medicament­o vai apresentar um benefício de fato. Em relação à pesquisa da USP, será interessan­te se os pesquisado­res conseguire­m replicar o que foi feito em laboratóri­o em modelos animais e, depois, em humanos.”

Os dois médicos destacam que, mesmo que a eficácia de novos medicament­os seja comprovada, a resposta ao tratamento poderá ser diferente de acordo com o paciente e o nível do transtorno. “É difícil falar em cura, mas a melhora do funcioname­nto social do indivíduo já seria um grande passo”, diz Arruda.

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