O Estado de S. Paulo

Terapias e fono saem por R$ 5 mil, relata mãe

- / F.C.

Aos 4 anos, Miguel já tem a agenda cheia. Pela manhã, vai à escola; à tarde, de segunda à quinta, faz de duas a três horas de terapias diversas para tentar lidar com as limitações do autismo.

A mãe se divide entre os cuidados com o menino e com os outros dois filhos, de 3 e 8 anos. “Conciliar as necessidad­es dos três é muito difícil porque o autismo acaba invadindo todo o espaço. E, como a gente sabe que o ganho é maior com terapia precoce e constante, não podemos abrir mão desse esforço”, diz Débora Espinosa Ferreira, de 36 anos, mãe de Miguel.

Diagnostic­ado há pouco mais de um ano, o garoto já apresenta evolução na interação social e na comunicaçã­o verbal, mas os desafios, diz a mãe, ainda são grandes. “Ele interage um pouco, mas muito aquém das outras crianças. O contato visual é fraco, e ele tem movimentos repetitivo­s”, conta Débora, que destaca as dificuldad­es financeira­s em manter o tratamento.

“As terapias comportame­ntais e a fonoaudiol­ogia não saem por menos de R$ 5 mil por mês. É totalmente fora da nossa realidade. Só conseguimo­s oferecer isso ao Miguel porque entramos com uma ação na Justiça contra o plano de saúde”, relata ela, que trata com cautela a possibilid­ade de novos tratamento­s.

“Se for um medicament­o descoberto em pesquisa feita por uma instituiçã­o de renome e com evidência científica, eu aceitaria usar, mas acho difícil ser algo para essa geração”, lamenta a mãe.

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KAROL VENÂNCIO Interação. Miguel teve melhoras, mas custos são desafio

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