Azarão tricolor
Amigo tricolor, não se aborreça com o escriba, mas há fato indesmentível: sua equipe entra na semifinal como a mais imprevisível das quatro (pra não dizer a mais frágil). Não se trata de menosprezo, desdém ou outro sentimento menor, porém de constatação ao compará-la com Palmeiras, Santos e Corinthians, obstáculo desta fase.
Pintar como “quarta força” – lembra de quem carregava a pecha em 2017? – não significa que a rapaziada agora sob orientação de Diego Aguirre esteja eliminada de antemão. Tal hipótese faria sentido se houvesse maracutaia; não é o caso. Portanto, não se perde de véspera. Fique sereno – ao menos neste aspecto. Confie na capacidade de times ganharem fôlego extra em clássicos tradicionais.
Pode ocorrer tal fenômeno com o São Paulo, embora sejam vários os desafios a superar. Um deles reside no retrospecto desastroso diante de rivais domésticos na história recente. Nas últimas temporadas, não há meio de impor-se diante de santistas, palmeirenses e sobretudo corintianos; é coleção de tropeços. O drama estende-se para confrontos com clubes de outros Estados – assunto para outra ocasião.
Muito bem, a desvantagem não significa verdade imutável ou destino já preestabelecido. Serve como parâmetro para a palestra motivacional pré-jogo. Aquele papo de superar barreiras, calar críticos, acreditar em si, etc.
Há de levar-se em consideração ainda o estágio de preparação dos times – e aí a preocupação faz sentido. Ambos sofreram baixas, na virada do ano, e receberam gente nova. Com a diferença de que a espinha dorsal e a estrutura de jogo do Corinthians foram mantidas. Além do artífice de tudo, o técnico Fábio Carille. O São Paulo, com dois meses de atividade, enfrentou uma crise que resultou na demissão de Dorival Júnior. Desperdiçou um período.
O São Paulo tem, no papel, nomes de atletas rodados e em condições de decidir, por experiência e capacidade. Casos de Nenê, Diego Souza, Petros, Jucilei, Valdívia (fora de combate). Na prática, não despontou a liga desejada. Aguirre faz testes, em busca do equilíbrio, da mesma forma como Dorival tentava e tentava até ser defenestrado.
Carille tem menos dúvidas, apesar de o elenco não lhe oferecer alternativas em profusão – nisso nada muito diferente de antes. Mas vê Sidcley firmar-se na esquerda, mesmo que não seja um Arana; Henrique ajusta-se no miolo da zaga; Maycon voltou a produzir com regularidade e Ralf devagar cava espaço. Até Sheik contribui com gol aqui e ali. Não há substituto para Jô.
Mais uma questão para a direção são-paulina, formada por ex-boleiros, administrar é a rivalidade explícita entre Jean e Sidão pelo posto de guardião. A dupla concorre nos treinos, nos jogos e... nas redes sociais. Houve ruído, durante a semana, o que se revela inaceitável num grupo em busca de afirmação e que precisa de muita paz.
O panorama não se mostra ensolarado para o São Paulo. Nem por isso deve desanimar. “Superação”, termo que o pessoal do futebol gosta de citar, tem de entrar em campo. De preferência, com uma vitória convincente neste domingo. Para aguentar o rojão em Itaquera...
Apertado. O Palmeiras começou a todo vapor o duelo com o Santos, na noite de ontem, no Pacaembu. Marcou em cima, trocou passes à vontade, pressionou e abriu vantagem com Willian aos 12 minutos. Mandou no jogo por mais de meia hora. Panorama perfeito para deixar bem encaminhada a vaga para a final.
O Santos acordou antes do intervalo, equilibrou, obrigou Jailson (melhor em campo) a fazer milagres, e percebeu que o bicho-papão não era tão feio. Manteve a toada na segunda etapa e merecia melhor sorte do que perder por 1 a 0. Saiu com a impressão, correta, de que a disputa está aberta.
O São Paulo chega à semifinal do Estadual como o mais imprevisível dos concorrentes