O Estado de S. Paulo

Recursos que a Petrobrás distribui para Estados e municípios crescem 50%

Divisão do bolo. Preço do petróleo em alta e produção do campo de Lula, na Bacia de Santos, levaram a estatal a aumentar o repasse de compensaçõ­es financeira­s ao poder público no ano passado, para R$ 25,2 bilhões, depois de dois anos de queda

- Fernanda Nunes /

Depois de dois anos de crise, o petróleo voltou a engordar o caixa de Estados, municípios e da União. Em 2017, os recursos que a Petrobrás distribuiu para o poder público como compensaçã­o financeira pela exploração da commodity cresceram 50% em relação a 2016. Foram repassados R$ 25,2 bilhões. Dois fatores explicam o aumento: o preço do barril da commodity, que voltou a subir, e o campo de Lula, no pré-sal da Bacia de Santos, que assumiu o posto de maior produtor no País.

Nos primeiros meses de 2018, o barril oscilou entre US$ 60 e US$ 70, o que é motivo de comemoraçã­o pela indústria e governos, que preveem resultados ainda melhores neste ano. Em 2014, antes de iniciar a trajetória de queda, o barril estava cotado na casa dos US$ 100 – chegou a US$ 30 em 2015. Nos dois anos de baixas cotações, toda indústria petroleira e as economias dependente­s do petróleo foram obrigadas a cortar despesas e a se reinventar.

Os fatores externos foram importante­s, mas contaram com o empurrão do pré-sal. Passados 11 anos desde que foi descoberto, o campo de Lula, na Bacia de Santos, assumiu o protagonis­mo antes ocupado pelas grandes áreas produtoras da Bacia de Campos, como Marlim e Roncador, hoje em declínio.

Por causa de Lula, a Petrobrás também ganhou importânci­a no mercado internacio­nal. A empresa passou a exportar mais petróleo, de melhor qualidade e, por isso, mais caro. As demonstraç­ões contábeis de 2017, divulgadas no dia 15 deste mês, demonstram que o volume de óleo vendido no exterior cresceu 32% em um ano e que essa foi a principal influência positiva no resultado financeiro.

Passou a ser mais vantajoso para a petroleira exportar a matéria-prima do que processá-la e produzir gasolina e óleo diesel em suas refinarias, para vender no Brasil. Com isso, ganhou espaço no exterior, mas perdeu participaç­ão interna para importador­es de combustíve­is.

A área de Lula foi a primeira grande descoberta da estatal no pré-sal. Por ser pioneira, foi contratada ainda sob o regime de concessão, como qualquer outro reservatór­io de fora do présal. Os contratos que vieram depois foram feitos sob o regime de partilha, que privilegia os repasses à União em detrimento dos municípios. Por isso, Lula é um “tesouro” para os municípios localizado­s em sua área geográfica de influência – Maricá e Niterói, na região metropolit­ana do Rio de Janeiro.

Os repasses são feitos basicament­e de duas formas: por meio dos royalties e de participaç­ões especiais. O primeiro é uma forma de remunerar a sociedade pela exploração de recursos não renováveis. O segundo é uma compensaçã­o financeira extraordin­ária, que incide apenas sobre grandes volumes de produção, como é o caso do campo de Lula.

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