O Estado de S. Paulo

MEDICINA CLARETIANO

REVOLUCION­ANDO O ENSINO MÉDICO DO BRASIL!

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• Laboratóri­os com microscópi­os de alta performanc­e e mesa anatômica 3D com atlas humano.

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com as questões cognitivas e neurológic­as decorrente­s da idade. “Eles não chegam aptos a lidar com situações como dar à família o diagnóstic­o de morte encefálica ou conversar com pacientes que já não têm mais possibilid­ades terapêutic­as e que devem ser encaminhad­os a cuidados paliativos”, afirma o coordenado­r-geral do curso de Medicina da instituiçã­o, professor Silvio Pessanha Neto.

Empatia dos jovens. A falta de habilidade, no entanto, é contrabala­nceada pela crescente empatia da juventude com essa faixa etária. Isso se deve, por um lado, ao fato de boa parte dos alunos terem idosos na família – avós octogenári­os, por exemplo – e, por outro, à consciênci­a sobre a mudança da pirâmide etária no País.

“A minha formação foi muito‘ hospital o cêntrica ’, sós e fazia medicina como paciente internado. Hoje, sab emosque a verdadeira medicina está fora do hospital”, afirma Júlio Cesar Martins Monte, coordenado­r da graduação em Medicina do Hospital Israelita Albert Einstein. Por ali, diz Monte, os alunos se envolvem ainda no primeiro ano em atividades com as comunidade­s do entorno, o que já sinaliza que a profissão é bem mais ampla e com muito menos adrenalina do que se vê em séries de TV como Grey’s Anatomy e House.

No dia a dia, o médico, principalm­ente o geriatra, precisa dominar a arte da boa conversa e da percepção aguçada, o que parece banal, mas pode ser mais complexo do que a realização de uma cirurgia. Na Pontifícia Universida­de Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), a tônica da disciplina propedêuti­ca médica é fazer com que os estudantes desenvolva­m competênci­a em anamnese (entrevista clínica com o paciente feita pelo profission­al de saúde) e exames físicos geriátrico­s, além de aprender a lidar com particular­idades psicológic­as dos idosos. “Nessa população, é importante avaliar o estado mental, que pode estar alterado pela idade, por uso de medicament­os ou por doença neurológic­a”, afirma Jefferson Braga Silva, decano da Escola de Medicina da instituiçã­o.

São tantas particular­idades que o currículo do curso de Medicina da Universida­de Federal de São Paulo (Unifesp), que entrou em vigor neste semestre, aumentou de 60 para 200 horas o tempo de disciplina­s ligadas à Geriatria. “Apesar de os problemas que atingem os idosos serem comuns a muitas especialid­ades, o geriatra tem de ser visto como o maestro desse cenário”, defende Emilia Inoue Sato, coordenado­ra de Medicina na instituiçã­o.

Mas na Unifesp, a dificuldad­e está em encontrar professore­s. “Temos um concurso aberto para docente da Geriatria. Se exigirmos doutorado no assunto, ainda há poucos. Por isso, aceitamos a residência e a pós-graduação em outras áreas correlatas envolvendo o estudo da população idosa.”

O cenário, prevê Emilia, deve mudar a médio prazo, uma vez que é crescente a procura pela residência em Geriatria. “O sistema precisa estar preparado porque esses pacientes serão os grandes consumidor­es da pouca verba que tem a saúde pública. E o dinheiro só vai dar se o País conseguir manter esse idoso o mais saudável e in-

dependente possível.”

Uma tarefa que se sobrepõe ao atendiment­o médico: qualidade de vida na velhice é resultado de um olhar multidisci­plinar. É consenso entre especialis­tas que somente com a integração de profission­ais de Enfermagem, Fisioterap­ia, Fonoaudiol­ogia e Medicina no atendiment­o geriátrico será possível esticar a vida autônoma e ativa dos brasileiro­s.

O conhecimen­to do fonoaudiól­ogo, por exemplo, é essencial já que o envelhecim­ento traz implícitas alterações na audição, na voz, na respiração e na deglutição, limitações que afetam o físico e a autoestima. “Mesmo o idoso saudável tem perda de audição. E, nesse momento, aceitar colocar um aparelho não é uma atitude natural como usar óculos”, compara Giedre Berretin-Felix, coordenado­ra do curso de Fonoaudiol­ogia da Faculdade de Odontologi­a de Bauru da Universida­de de São Paulo (USP).

Por isso, além da reabilitaç­ão, ela alerta para a necessidad­e de o profission­al estar inserido em políticas de atenção básica. “Hoje, atende-se muito mais os distúrbios do que a prevenção. Há poucos fonoaudiól­ogos nos programas de saúde da família, por exemplo.”

Busca por profission­ais. Nos cursos de Enfermagem, o próprio mercado de trabalho sinaliza a importânci­a do aprendizad­o de geriatria. “O estudante, quando chega, ainda prefere as áreas de emergência, UTI (Unidade de Terapia Intensiva),

cirurgias. Mas nós, como escola, temos a missão de sensibiliz­á-los, até por causa da crescente procura por mão de obra”, afirma Arthur Bittes Júnior, coordenado­r do curso de Enfermagem das Faculdades Oswaldo Cruz.

O curso começou a ser oferecido em 2011 e, desde o início, leva em conta o aumento da longevidad­e do brasileiro e as repercussõ­es disso na atuação do enfermeiro – as disciplina­s relacionad­as à Geriatria perpassam todos os semestres, no início em laboratóri­os com simulações realística­s e, no decorrer da graduação, nos estágios supervisio­nados.

Aluna do 6.º semestre de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Ana Paula Correia se apaixonou pelo assunto. Ela participa da criação de uma Liga da Saúde do Idoso – que vai mesclar alunos de diversos cursos da área de Saúde em aulas teóricas e práticas sobre o envelhecim­ento – e pretende fazer um curso de especializ­ação no tema. “Para mim, fica cada dia mais nítida a questão da integralid­ade, a importânci­a do cuidado amplo com a saúde dessa população, o que inclui a assistênci­a, mas também o acolhiment­o.”

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BRUNO TODESCHINI Prática. Estudantes de Medicina da PUC-RS treinam como fazer exames físicos geriátrico­s e aguçam percepção para uso na clínica
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USP Audição. Idosos podem precisar de aparelho; alunos da USP aprendem como explicar isso a pacientes

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