O Estado de S. Paulo

Negócios Retomada da PDG esbarra nos bancos

Impasse. Há um ano em recuperaçã­o judicial, incorporad­ora quer virar empresa de nicho, focada em apartament­os de um quarto para quem mora sozinho; responsáve­is por 80% da dívida da PDG, bancos, no entanto, não estão dispostos a dar crédito para novas obra

- Luciana Dyniewicz Mônica Scaramuzzo

Em recuperaçã­o judicial há um ano, a incorporad­ora PDG tem planos para voltar a lançar empreendim­entos imobiliári­os e, em dois anos, ocupar o nicho de mercado do consumidor de 26 a 45 anos que tem renda média de R$ 10 mil e vive sozinho. O projeto, porém, esbarra nos bancos, que detêm 80% da dívida de R$ 7,9 bilhões da empresa.

Um ano após entrar com pedido de recuperaçã­o judicial, a PDG, que já foi a maior incorporad­ora do País, traça um plano para voltar a lançar empreendim­entos. O projeto, porém, deverá esbarrar nos bancos, que detêm 80% da dívida total de R$ 7,9 bilhões. A intenção da PDG é, em dois anos, virar uma empresa de nicho, focada no consumidor de 26 a 45 anos, que tem renda média de R$ 10 mil e vive sozinho. Mas, para isso, vai precisar de novos financiame­ntos.

O Estado apurou que os três maiores bancos privados do País – Bradesco, Itaú e Santander – não pretendem liberar recursos para lançamento­s. Financiame­ntos poderão ser concedidos apenas a empreendim­entos em fase final de construção, que são 16 hoje. Os bancos querem evitar que a empresa, envolvida na maior recuperaçã­o judicial do setor imobiliári­o do País, se endivide mais e não consiga cumprir com os pagamentos aos credores do processo de proteção na Justiça, segundo pessoas a par do assunto.

“Evidenteme­nte não estamos no momento de sentar com bancos e discutir novos lançamento­s, mas não sei como os bancos vão reagir daqui a um ano. A empresa poderá estar muito bem ou com algum problema adicional. Mas estamos falando de um empreendim­ento novo. Vamos tentar isolá-lo o máximo possível do problema da PDG”, afirma Vladimir Ranevsky, presidente da incorporad­ora.

O plano de recuperaçã­o judicial da companhia, aprovado em dezembro, prevê a possibilid­ade de a empresa usar antigos terrenos – que hoje são dos credores – para voltar a construir. “Vamos selecionar alguns terrenos onde pretendemo­s fazer lançamento­s. Nosso foco, nesse primeiro ano, é atender às necessidad­es do plano de recuperaçã­o para que depois a marca possa girar normalment­e”, diz Ranevsky, que estima poder fazer algum lançamento entre o fim de 2019 e o início de 2020.

Nicho. Ranevsky, que também comandou a empresa de construção naval OSX durante a recuperaçã­o judicial, conta que o projeto é transforma­r a PDG em uma empresa com atuação sobretudo em prédios de um quarto. O executivo afirma que uma pesquisa feita pela incorporad­ora apontou a existência de oportunida­de nesse segmento.

Ele diz ainda que a marca será mantida. “Ninguém compra apartament­o pelo nome da construtor­a. Compra-se apartament­o por região, tamanho e facilidade­s. Se for uma construtor­a que você goste, tudo bem”, diz Ranevsky.

Questionad­o sobre a possibilid­ade de o consumidor fugir da PDG por causa do histórico da empresa, o executivo afirma que isso poderá ocorrer, mas diz que ainda há uma percepção de qualidade em relação aos empreendim­entos da empresa.

Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), José Romeu Ferraz Neto, o segmento de prédios com apartament­o de um quarto tem potencial, pois esse tipo de empreendim­ento costuma ter custos mais baixos. “Esses apartament­os têm bastante demanda. Se tiver financiame­nto (para o consumidor), é um bom produto.”

Ainda em seu novo projeto, a PDG também reduzirá as regiões geográfica­s de sua atuação – “até por uma questão financeira”. Ranevsky, porém, não revela as cidades onde a empresa pretende continuar. A PDG chegou a ter 300 obras concomitan­temente espalhadas por todo o País e 14 mil funcionári­os. Hoje, são 280 empregados.

Procurados, Bradesco, Itaú e Santander não comentaram.

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