O Estado de S. Paulo

Regra é contestada no STF

- / A. F.

PT, PDT, PSOL e PCdoB questionam no STF a resolução do TSE sobre autofinanc­iamento. O argumento é de que a regra afeta o equilíbrio da disputa. Para o cientista político Marco Antonio Teixeira, é preciso haver isonomia.

No início do mês, quatro partidos – PT, PDT, PSOL e PCdoB – entraram no Supremo Tribunal Federal (STF) com um ação de inconstitu­cionalidad­e contra a resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que trata do autofinanc­iamento de campanhas eleitorais. As legendas argumentam que a regra afeta o equilíbrio da disputa.

A resolução do TSE prevê que no pleito para a Presidênci­a da República o limite de gastos do próprio bolso dos candidatos será de R$ 70 milhões. Na disputa para o Senado, o teto fixado é de R$ 21 milhões nos Estados com mais de 21 milhões de eleitores. E nas campanhas para a Câmara Federal, os candidatos podem tirar de suas contas até R$ 2,5 milhões.

De acordo com os partidos que questionam a regra, o autofinanc­iamento viola “os princípios republican­o, democrátic­o e da isonomia” do processo eleitoral. Além disso, ressaltam que a resolução do TSE é contraditó­ria, pois limita doações realizadas por pessoas físicas a 10% os rendimento­s brutos auferidos pelo doador no ano anterior à eleição, mas ignora o artigo que define regra para autofinanc­iamento.

Para o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGVSP, o STF tem de derrubar a regra atual a fim de resguardar um mínimo de isonomia entre os candidatos. “A manutenção do autofinanc­iamento dificulta a renovação política, torna a competição desigual e consolida as elites que se mantêm no poder pela força do dinheiro”, afirma. Teixeira observa que muitos dos candidatos que se autofinanc­iam também bancam campanhas parlamenta­res locais, a fim de conquistar o poder e também a garantia da governança.

O relator do caso no STF, ministro Dias Toffoli, já se posicionou contrário ao autofinanc­iamento sem limite, podendo levar o tema a plenário a qualquer momento. Segundo o TSE, a regra está prevista na Lei das Eleições há mais de 20 anos.

Isonomia •

“A manutenção do autofinanc­iamento dificulta a renovação política e torna a competição desigual” Marco Antonio Teixeira

CIENTISTA POLÍTICA / FGV-SP

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