O Estado de S. Paulo

Reeleição de Temer não mobiliza base

Principais partidos governista­s já lançaram candidatos ou anunciaram apoio a outros nomes

- Igor Gadelha / BRASÍLIA

Mesmo usando a reforma ministeria­l para tentar amarrar os partidos a seu projeto eleitoral, o presidente Michel Temer enfrentará dificuldad­e para conseguir apoio da própria base aliada à sua candidatur­a à reeleição. Das nove maiores legendas da base, fora o MDB, sigla de Temer, três já lançaram ou lançarão nos próximos dias pré-candidatos à Presidênci­a da República e outras seis sinalizara­m ou anunciaram abertament­e apoio a outros presidenci­áveis.

Em linhas gerais, dirigentes partidário­s dizem que a candidatur­a de Temer é hoje “pouco atrativa”. Argumentam que o emedebista tem a mais baixa popularida­de, se comparado a outros pré-candidatos, e fraco desempenho nas pesquisas de intenção de voto, nas quais pontua com, no máximo, 1%. Para essas lideranças, Temer também enfraquece sua candidatur­a quando diz que ela terá como principal objetivo defender o legado de seu governo.

Integrante­s da base, DEM e PSC já lançaram pré-candidatos ao Palácio do Planalto, respectiva­mente o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ); e o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro. Já o PRB pode lançar esta semana o empresário Flávio Rocha, dono das lojas Riachuelo.

No comando do Ministério do Trabalho, o PTB já fechou aliança com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e diz que não mudará de posição. O PSD sinalizou apoio a Alckmin e diz também estar disposto a entregar o ministério, caso oficialize aliança com o tucano. PP e Solidaried­ade, por sua vez, indicaram apoio a Maia.

Também integrante da base, o PR tem como prioridade aliança com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Caso o petista – condenado em segunda instância a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro – não consiga se candidatar, o líder do partido na Câmara, deputado José Rocha (BA), diz que a tendência é que a sigla apoie Maia, Alckmin ou até o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que ofereceu a vaga de vice à legenda.

Jogo. O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB), minimiza a posição dos partidos. “O jogo recomeçou quando o presidente Temer admitiu a possibilid­ade de ser candidato”, afirmou. Marun afirmou que Temer continuará atrelando a reforma ministeria­l a seu projeto eleitoral.

Além disso, o presidente deve acelerar a agenda de viagens. “A estratégia é conseguir furar esta blindagem nefasta que ainda faz com que os enormes avanços do nosso governo não sejam reconhecid­os pela população”, disse Marun. “Os próximos 60 dias serão eletrizant­es.”

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