O Estado de S. Paulo

Razão versus emoção

- ROBSON MORELLI E-MAIL: ROBSON.MORELLI@ESTADAO.COM INSTAGRAM: @ROBSONMORE­LLI7 TWITTER: @ROBSONMORE­LLI FACEBOOK: @ROBSONMORE­LLI

Alista é grande de razões para a seleção brasileira não levar a ferro e fogo o amistoso de amanhã com a Alemanha, em Berlim. A primeira delas diz respeito à própria importânci­a do encontro. Trata-se de um jogo amistoso, basicament­e de treinament­o para as duas bandeiras antes da Copa do Mundo da Rússia, que é quando as partidas vão valer, de fato – lembrando que se Brasil e Alemanha não fizerem bem suas lições na primeira fase, vão se enfrentar já nas oitavas.

De qualquer forma, não se apaga uma surra em Copa do Mundo com o troco em qualquer outra competição. A derrota de 2014, em Minas Gerais, por aquele placar que me recuso a dizer, deve ser devolvida em outro Mundial. Tenho dúvidas se um dia vamos nos esquecer dos 7 a 1 – pronto, falei! Levamos mais de 50 anos para enterrar o fantasma do Maracanã, de 1950, mesmo superando o Uruguai em outras ocasiões. E só conseguimo­s fazer isso porque o futebol brasileiro sofreu trauma maior quatro anos atrás contra a Alemanha. Maior ou equivalent­e.

O jogo de amanhã é em Berlim, portanto, sem neutralida­de para um amistoso. Isso também faz diferença.

Outra razão para não se apostar tudo nesse reencontro está em campo, ou melhor, em casa se recuperand­o de uma lesão no quinto metatarso do pé direito. Tite não terá Neymar. Já não teve o jogador contra a Rússia, sexta-feira, na vitória por 3 a 0 em Moscou. Felipão também não teve Neymar naquela semifinal da Copa no Brasil. Ele foi tirado da disputa no jogo contra a Colômbia.

Há quem diga que a Alemanha não teria tanta facilidade, e gols, se Neymar estivesse no Mineirão naquele 8 de julho. Nunca saberemos disso. Nunca! Então, sem Neymar, esse Brasil e Alemanha não pode ser encarado como tal.

De modo geral, salvo exceções, como Marcelo, Fernandinh­o e Paulinho, por exemplo, incluindo a comissão técnica, tudo mudou na seleção. Nem mesmo o meia Oscar, autor do gol de honra do time, se é que podemos falar de honra naquela apresentaç­ão, frequenta mais o elenco nesta fase do Brasil.

No que diz respeito à CBF e organizaçã­o, muita coisa também mudou desde o 7 a 1. Neste quesito, o futebol brasileiro andou para trás, continuou tomando gols da Alemanha. As contas da Copa não fecharam. Os estádios são subutiliza­dos, a exemplo da reportagem de Raphael Ramos, no Estado, sobre o Mané Garrincha, em Brasília. José Maria Marin, então presidente da CBF, está preso nos EUA. Caiu como toda a cúpula da Fifa. Marco Polo del Nero, que ocupou o seu lugar no Rio, é acusado de cometer sete crimes no cargo e não deixa o País com medo de ser preso.

A seleção, sob o comando institucio­nal de Edu Gaspar, tenta caminhar longe dessa gente e bagunça. Os alemães, por sua vez, desenvolve­m “fábricas” de bons jogadores e resultados, como também nos informam Matheus Lara e Jamil Chade na edição de hoje do Estado.

Razões, portanto, não faltam para o Brasil não levar a ferro e fogo esse reencontro com os alemães. É só um jogo. Mas como a razão sempre dá lugar para a emoção no futebol, todos sabem que a seleção deve ganhar amanhã da Alemanha. Não precisa, mas deve.

Semifinais do Paulistão. Foram jogos de rivalidade e jogadas duras, mas de pouca técnica. Sobrou provocação. O Palmeiras joga pelo empate após ganhar do Santos (1 a 0). O desafio de Roger é recuperar o fôlego e as pernas de seus atletas. O time abriu o bico no Pacaembu. Poderia ter sofrido o empate, até perdido. No Morumbi, o São Paulo fez o mesmo placar diante do Corinthian­s, ganhando seu primeiro clássico no ano. Tem a mesma vantagem do Palmeiras para chegar à final. Os técnicos se estranhara­m, alguns jogadores também, o que nos faz crer que a volta em Itaquera será quente.

O Brasil não precisa ganhar da Alemanha nesse reencontro após a Copa, mas deve

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