O Estado de S. Paulo

Situação de clientes da incorporad­ora ainda é incerta

Compradore­s tentam se organizar para repassar empreendim­entos a outra empresa

- Luciana Dyniewicz

Enquanto a PDG estuda uma forma de retomar lançamento­s, a situação de centenas de consumidor­es que compraram imóvel da incorporad­ora continua incerta. Alguns deles tentam se organizar para repassar os empreendim­entos a outra incorporad­ora. Já outros aguardam uma negociação com bancos para o financiame­nto do restante das obras.

A empresa tem hoje 19 empreendim­entos inacabados, sendo três deles em fase inicial e, portanto, em situação mais complicada. Desses empreendim­entos, apenas três entraram no projeto de recuperaçã­o. Os demais ficaram de fora, a pedido dos bancos credores, porque têm patrimônio de afetação – uma espécie de poupança para garantir o término das obras.

O projeto The City, um condomínio no Rio de Janeiro com cinco edifícios comerciais, está entre os que ficaram de fora da recuperaçã­o, e o médico Stephan Iachtermac­her Pacheco, de 41 anos, foi um dos que investiram no projeto. Ele pagou R$ 278 mil por uma sala comercial, que esperava que fosse entregue até julho do ano passado.

O site da incorporad­ora informa que até agora, no entanto, somente 13% dos revestimen­tos internos foram colocados e 3% dos acabamento­s, concluídos. De todas as fases da obras, apenas a primeira, de serviços preliminar­es, foi 100% completada.

“Hoje tenho de trabalhar em uma sala alugada no centro por R$ 500. O prejuízo é enorme,

Ana Lucia Seroa Vladimir Ranevsky

porque também ia sublocar minha sala nos horários em que não tivesse atendendo”, diz o médico. Pacheco conta que esteve no escritório da PDG há seis meses, mas saiu de lá sem muita informação: “Eles falaram que não podiam fazer nada”, lembra.

O presidente da incorporad­ora, Vladimir Ranevsky, afirma que os projetos não incluídos no plano de recuperaçã­o precisam ser discutidos um a um.

“Estamos sentando com as instituiçõ­es financeira­s para decidir o que será feito daqui para frente. Começamos essas negociaçõe­s não faz muito tempo, com o objetivo de entregar esses imóveis para os clientes”, diz. “Mas não tem solução fácil. Qualquer solução depende de terceiros (bancos)”, acrescenta o executivo.

Segundo o Estado apurou, os bancos estariam dispostos a negociar financiame­ntos apenas para as obras que estiverem adiantadas.

No caso das outras, o próprio Ranevsky admite que será preciso procurar alternativ­as e cita como possibilid­ade o repasse do projeto para os compradore­s tocarem com uma outra incorporad­ora. “Ainda temos de decidir o que vamos fazer, mas vamos ver uma situação legal”. O executivo, entretanto, não dá um prazo para solucionar os problemas: “Estamos acelerando o máximo possível.”

Nova construtor­a. O empreendim­ento Niemeyer Monumental, também de prédios corporativ­os, em Niterói (RJ), está entre os mais atrasados da PDG. De acordo com a associação de compradore­s, as obras pararam na fase de escavação.

A arquiteta Ana Lucia Seroa, que adquiriu uma sala comercial do empreendim­ento, afirma que os cerca de R$ 45 milhões depositado­s pelos compradore­s no patrimônio de afetação foram gastos, apesar de a obra mal ter começado. “O dinheiro foi usado e esperamos uma prestação de contas”, diz Ana Lucia.

O presidente da incorporad­ora garante, porém, que os recursos foram destinados ao projeto. “Você precisa ver o tamanho da escavação lá. E continuamo­s tendo despesas mesmo no site em que não foi construído nada. Os patrimônio­s foram protegidos. Não passamos (dinheiro) de um patrimônio para outro. Não existe esse negócio”, afirma Ranevsky.

A falta de recursos no patrimônio pode dificultar o projeto de Ana Lucia e outros compradore­s para retomar as obras. Eles deverão convocar, nos próximos meses, uma assembleia para desconstit­uir a PDG e articulam a contrataçã­o de um nova construtor­a.

“O dinheiro (destinado ao término das obras) foi usado e esperamos uma prestação de contas.”

COMPRADORA DE UNIDADE DA PDG

“Não passamos (dinheiro) de um patrimônio para o outro.”

PRESIDENTE DA PDG

 ?? WILTON JUNIOR/ESTADÃO-23/3/2018 ?? Uma longa espera. Pacheco comprou sala comercial em edifício da PDG, no Rio; obras estão paralisada­s há três anos
WILTON JUNIOR/ESTADÃO-23/3/2018 Uma longa espera. Pacheco comprou sala comercial em edifício da PDG, no Rio; obras estão paralisada­s há três anos

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