O Estado de S. Paulo

‘Diversidad­e é crucial porque talento não escolhe gênero ou raça’

- LUZ CÁTIA

Superinten­dente de sustentabi­lidade e negócios inclusivos do Itaú, Denise Hills tem como uma de suas preocupaçõ­es mostrar que trabalhar a diversidad­e tem impacto direto na performanc­e de uma companhia. “Há uma alta correlação. Empresas mais diversas costumam ter melhor desempenho do que companhias semelhante­s que não estão atentas a questões como gênero ou raça”, afirma. Pelo segundo ano seguido, o Itaú faz parte do Bloomberg Gender-Equality Index (GEI), um índice que classifica as empresas quanto ao desempenho em questões de igualdade de gênero. Os dados são coletados a partir de uma pesquisa que as companhias se propõem a preencher, com a intenção de encorajar mais empresas a divulgar e discutir políticas voltadas para o tema. Criado há três anos, o índice reúne 104 companhias no mundo.

Qual a importânci­a de se fazer parte de um índice como esse?

Além de ser uma referência para investidor­es, porque é um índice de bolsa feito por uma agência de rating e que aponta alta correlação com performanc­e, o GEI serve como um parâmetro de desempenho para nós. O questionár­io aborda temas como o porcentual de mulheres na empresa, a porcentage­m delas entre os 10% mais bem pagos da companhia ou as condições oferecidas para as que voltam de licença maternidad­e. No nosso caso, o maior desafio na questão de gênero é trabalhar a ascensão. Hoje, dos cerca de 95 mil colaborado­res do Itaú na América Latina, 60% são mulheres. Mas essa proporção vai diminuindo à medida que sobe o nível de gestão. Entre coordenado­res, o total de mulheres cai para 51%; entre gerentes, para 35%; até chegar a um porcentual de 17% no comitê executivo.

E o que explica essa correlação entre diversidad­e e performanc­e?

A diversidad­e promove uma variedade não só de tipos, de personalid­ades ou de escolhas, mas também de pensamento­s, o que aumenta a inovação e traz um clima interno mais fácil de viver. Assim como uma sociedade mais igualitári­a é mais eficiente, porque abarca todo mundo e trata direitos humanos de uma forma mais ampla, dentro das empresas, quanto mais se praticar a atenção a esse tema, para garantir que há igualdade de oportunida­de, melhor. Porque, na verdade, talento não escolhe gênero, classe social ou raça. É distribuíd­o de uma forma normal, como dizem os estatístic­os. No longo prazo, se você compara, por exemplo, o risco e o retorno atrelados a um índice de sustentabi­lidade com os de índices tradiciona­is, o de sustentabi­lidade vai melhor, com menor risco e maior retorno. /

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