O Estado de S. Paulo

Governo busca modelo para vender fatia em terminais concedidos

Infraero espera captar R$ 2 bi com participaç­ão remanescen­te nos aeroportos de Guarulhos, Brasília e Confins

- / A.W.

O secretário de Aviação Civil (SAC), do Ministério dos Transporte­s, Dario Rais Lopes, disse que a pasta está concentrad­a em modelar a próxima rodada de concessões de aeroportos e vender as participaç­ões da Infraero em aeroportos já concedidos.

Para ele, a transferên­cia definitiva à iniciativa privada seria um risco. “Na minha avaliação, a privatizaç­ão de aeroportos pode ser uma solução demorada e com riscos para a Infraero”, disse. “Neste momento, não estamos focados em outras soluções que não sejam as duas frentes de trabalho: fazer com que a atual rodada ande e que as fatias da Infraero sejam vendidas.”

A preocupaçã­o de Lopes é a possibilid­ade de que os dividendos gerados pela privatizaç­ão não sejam suficiente­s para cobrir os gastos da empresa. Nesse cenário, a Infraero se tornaria uma estatal dependente e ficaria sujeita ao Orçamento da União e, consequent­emente, a cortes orçamentár­ios e ao teto de gastos.

“Não há garantia de que os dividendos dos (aeroportos) privados possam cobrir o buraco público. Até agora, as contas feitas não tiveram como base os planos de negócio dos aeroportos”, disse Lopes. “Além disso, como uma parte dos aeroportos vai permanecer pública, os funcionári­os demitidos podem voltar”, acrescento­u. Ele destaca que já há decisões judiciais que apontam nesse sentido em outras estatais e até em empresas privadas que adquiriram ativos de massas falidas.

Rodada. Na próxima rodada, 13 aeroportos no Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste serão concedidos, entre eles Recife e Vitória. A ideia é publicar o resultado dos estudos de viabilidad­e até hoje e, em seguida, preparar as audiências públicas.

Outro foco da secretaria é vender as participaç­ões da Infraero nos aeroportos já concedidos – Guarulhos, Brasília e Confins. O Banco Nacional do Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES) deve ser contratado para avaliar a operação. Estudos da consultori­a Roland Berger mostram que essas fatias valem de R$ 1,2 bilhão a R$ 2,6 bilhões.

A concessão dos Aeroportos de Guarulhos, Brasília, Campinas, Confins e Galeão obrigou a Infraero a fazer desembolso­s de R$ 4,5 bilhões desde 2011, disse Lopes. Desse total, R$ 2,2 bilhões foram aplicados no Galeão e R$ 300 milhões em Campinas, cujas participaç­ões não devem ser vendidas neste momento. Os demais receberam R$ 2 bilhões. “Se conseguimo­s vender pela média apontada pelos estudos de R$ 2 bilhões, vamos recuperar o que colocamos e deixar de ter de aplicar mais”, afirmou o secretário.

No lugar de privatizar os aeroportos separadame­nte, o Ministério dos Transporte­s defende a abertura de capital da Infraero. Nesse modelo, o governo venderia mais de 50% de toda a companhia ao setor privado.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO-20/05/2014 Àve nda. Infraero ainda tem fatia de 49% em Guarulhos

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