O Estado de S. Paulo

Ministério quer mudar reajuste do Bolsa Família

Proposta entregue a Temer prevê concessão de aumento acima da inflação só para famílias que tenham filho em segundo turno escolar ou estudo técnico

- Idiana Tomazelli Adriana Fernandes / BRASÍLIA

Proposta do Ministério do Desenvolvi­mento prevê reajuste acima da inflação do Bolsa Família apenas para quem tiver filhos em segundo turno escolar ou em programas de capacitaçã­o técnica. A medida, em análise por Temer, custaria até R$ 3 bilhões. A decisão depende de espaço no Orçamento.

Prestes a deixar o governo para concorrer às eleições, o ministro do Desenvolvi­mento Social, Osmar Terra, tenta emplacar uma nova política de reajuste do Bolsa Família este ano. A proposta, entregue ontem ao presidente Michel Temer, prevê a concessão de aumento acima da inflação apenas para famílias que tiverem filhos em segundo turno escolar ou em programas de capacitaçã­o técnica. Com a mudança, o governo teria de desembolsa­r cerca de R$ 3 bilhões para reajustar o valor do benefício – o triplo do que previa gastar concedendo

apenas a inflação.

Temer ainda vai analisar as planilhas antes de bater o martelo e baixar o decreto. O ministro Osmar Terra disse ao Estadão/Broadcast que já é dado como certo um reajuste de 2,95%, para repor a inflação de 2017. Ele considera o “aditivo” um incentivo para que as famílias tenham uma porta de saída do programa.

“Essas condiciona­ntes mudam mais a realidade familiar do que só controlar a presença escolar”, disse Terra. Hoje, as famílias que recebem Bolsa Família já precisam cumprir regras de assiduidad­e escolar e manter a carteira de vacinação dos filhos em dia, mas a avaliação de Terra é de que isso é insuficien­te

para dar condições de saída aos beneficiár­ios. Com a mudança, o reajuste acima da inflação seria condiciona­do ao cumpriment­o das novas condiciona­ntes.

“A gente não fechou um número, mas seria um valor bem maior (de reajuste). Pode ser 5%, 10%.”

As aulas em segundo turno escolar

e os cursos profission­alizantes seriam oferecidos em convênio com as prefeitura­s, que teriam prazo de alguns meses para se adaptar e ofertar as vagas. Há também uma opção de prever, como uma das condições, a participaç­ão de beneficiár­ios em programas de geração de emprego.

Orçamento. A decisão do presidente Michel Temer vai depender de espaço no Orçamento, que tem R$ 18,2 bilhões bloqueados atualmente diante de riscos de frustração de receitas. Há também a barreira do teto de gastos – que exige o cancelamen­to de despesas para dar lugar a novos gastos. Mas Terra acredita que os recursos para

viabilizar o reajuste maior no Bolsa Família podem sair da economia esperada com a revisão de benefícios, como auxílio-doença e aposentado­ria por invalidez.

O governo espera concluir até o fim deste ano o pente-fino nos 1,5 milhão de benefícios que estavam sem avaliação havia mais de dois anos. A economia adicional esperada em 2018 é de R$ 10 bilhões, segundo o ministro. O Orçamento conta hoje com apenas metade dessa poupança, ou seja, há possibilid­ade de que outros R$ 5 bilhões em despesas hoje programada­s acabem sendo liberados para outros gastos – abrindo caminho para o reajuste diferencia­do no Bolsa Família.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO - 6/1/2017 Inflação. Segundo Osmar Terra, reajuste de 2,95% já é certo

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