Michel Temer fala em respeito a liberdades individuais.
Presidente faz a afirmação depois que o Supremo autorizou a prisão de aliados
O presidente Michel Temer aproveitou a cerimônia de posse de novos ministros ontem para fazer um discurso em defesa das “liberdades individuais” e criticar quem não segue a Constituição. As afirmações foram feitas depois da Operação Skala, que prendeu aliados do presidente na quinta-feira passada com autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso.
“Nós quisemos enfatizar o tema das liberdades individuais, do devido processo legal, da obediência estreitíssima aos termos da Constituição e a lei”, disse Temer, durante a posse dos ministros Gilberto Occhi na Saúde, de Valter Casimiro nos Transportes, e do presidente da Caixa Econômica Federal, Nelson de Souza.
O presidente afirmou que é preciso “conduzir-se pela Constituição” e pelas leis em respeito à democracia, sem citar nenhum dos investigadores da operação. “A mensagem que se deu a todos nós que somos servos da Constituição: ‘Olhe, conduza-se pelos termos dessa Constituição. Não sai dela, porque sair dela é desguiar-se dos propósitos democráticos do chamado estado democrático de direito’”, afirmou.
No sábado, o presidente divulgou uma nota na qual criticou a Operação Skala, deflagrada no âmbito do inquérito sobre supostas irregularidades na edição do chamado Decreto dos Portos. No comunicado, se disse vítima de uma trama para impedir sua candidatura e afirmou que os investigadores usam métodos totalitários e buscam provas forjadas em processos já arquivados. Temer é um dos alvos do inquérito e teve o sigilo bancário quebrado após autorização de Barroso.
O presidente afirmou ainda que o País “tem pressa” e que os problemas exigem “união e diálogo”. Ele pediu que todos colaborem na construção de um Brasil “sem nenhuma tendência a separação”. “Acima de todos nós estão as instituições, por isso
que eu preservo sempre as instituições. Eu preservo a imprensa livre, prego a todo momento a separação de Poderes,
a independência e harmonia entre os Poderes, que nós todos passaremos, mas as instituições hão de ficar”, declarou.
Logo no início de sua fala, Temer saudou o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDBCE), como presidente do “Supremo”. Ao perceber a gafe, o presidente tentou consertar e chegou a arrancar risos. “Não é do Supremo? É que o Legislativo é tão importante que na minha cabeça ele é sempre o Supremo”, afirmou.
‘Brasilidade’. Após a posse dos ministros em Brasília, Temer viajou para São Paulo, onde participou do Fórum Econômico Brasil-Países Árabes. Na capital paulista, o presidente chamou de “falta de brasilidade” o que considera tentativas de desestabilizar o governo e o País. “Pessoas que agem desta maneira não sentem brasilidade no seu coração porque sabem que gestos como esses criam problemas no aspecto internacional.” Para ele, há pessoas querendo “desestabilizar o País” com “gestos irresponsáveis”.
Sem citar nomes, afirmou que enfrenta oposições e que seguirá na “trilha” de trazer o Brasil para o século 21. Em discurso após o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, Temer disse que o governo venceu “todas as dificuldades”. “Não foram poucos os embaraços e oposições que nós sofremos.”
Temer e Meirelles deixaram o evento sem falar com a imprensa. Também estiveram presentes o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, e Dyogo Oliveira, que deixará o Ministério do Planejamento e assumirá a presidência do BNDES.