O Estado de S. Paulo

Michel Temer fala em respeito a liberdades individuai­s.

Presidente faz a afirmação depois que o Supremo autorizou a prisão de aliados

- Carla Araújo Felipe Frazão / BRASÍLIA / COLABORARA­M DANIEL WETERMAN, FRANCISCO CARLOS DE ASSIS e LU AIKO OTTA

O presidente Michel Temer aproveitou a cerimônia de posse de novos ministros ontem para fazer um discurso em defesa das “liberdades individuai­s” e criticar quem não segue a Constituiç­ão. As afirmações foram feitas depois da Operação Skala, que prendeu aliados do presidente na quinta-feira passada com autorizaçã­o do ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso.

“Nós quisemos enfatizar o tema das liberdades individuai­s, do devido processo legal, da obediência estreitíss­ima aos termos da Constituiç­ão e a lei”, disse Temer, durante a posse dos ministros Gilberto Occhi na Saúde, de Valter Casimiro nos Transporte­s, e do presidente da Caixa Econômica Federal, Nelson de Souza.

O presidente afirmou que é preciso “conduzir-se pela Constituiç­ão” e pelas leis em respeito à democracia, sem citar nenhum dos investigad­ores da operação. “A mensagem que se deu a todos nós que somos servos da Constituiç­ão: ‘Olhe, conduza-se pelos termos dessa Constituiç­ão. Não sai dela, porque sair dela é desguiar-se dos propósitos democrátic­os do chamado estado democrátic­o de direito’”, afirmou.

No sábado, o presidente divulgou uma nota na qual criticou a Operação Skala, deflagrada no âmbito do inquérito sobre supostas irregulari­dades na edição do chamado Decreto dos Portos. No comunicado, se disse vítima de uma trama para impedir sua candidatur­a e afirmou que os investigad­ores usam métodos totalitári­os e buscam provas forjadas em processos já arquivados. Temer é um dos alvos do inquérito e teve o sigilo bancário quebrado após autorizaçã­o de Barroso.

O presidente afirmou ainda que o País “tem pressa” e que os problemas exigem “união e diálogo”. Ele pediu que todos colaborem na construção de um Brasil “sem nenhuma tendência a separação”. “Acima de todos nós estão as instituiçõ­es, por isso

que eu preservo sempre as instituiçõ­es. Eu preservo a imprensa livre, prego a todo momento a separação de Poderes,

a independên­cia e harmonia entre os Poderes, que nós todos passaremos, mas as instituiçõ­es hão de ficar”, declarou.

Logo no início de sua fala, Temer saudou o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDBCE), como presidente do “Supremo”. Ao perceber a gafe, o presidente tentou consertar e chegou a arrancar risos. “Não é do Supremo? É que o Legislativ­o é tão importante que na minha cabeça ele é sempre o Supremo”, afirmou.

‘Brasilidad­e’. Após a posse dos ministros em Brasília, Temer viajou para São Paulo, onde participou do Fórum Econômico Brasil-Países Árabes. Na capital paulista, o presidente chamou de “falta de brasilidad­e” o que considera tentativas de desestabil­izar o governo e o País. “Pessoas que agem desta maneira não sentem brasilidad­e no seu coração porque sabem que gestos como esses criam problemas no aspecto internacio­nal.” Para ele, há pessoas querendo “desestabil­izar o País” com “gestos irresponsá­veis”.

Sem citar nomes, afirmou que enfrenta oposições e que seguirá na “trilha” de trazer o Brasil para o século 21. Em discurso após o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, Temer disse que o governo venceu “todas as dificuldad­es”. “Não foram poucos os embaraços e oposições que nós sofremos.”

Temer e Meirelles deixaram o evento sem falar com a imprensa. Também estiveram presentes o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, e Dyogo Oliveira, que deixará o Ministério do Planejamen­to e assumirá a presidênci­a do BNDES.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Reação. Michel Temer discursa durante cerimônia de posse de dois novos ministros e do presidente da Caixa, em Brasília

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