Pressão da direita faz Bibi recuar em expulsão de africanos ilegais
Para conservadores, saída de 16 mil imigrantes é insuficiente, o que fez premiê israelense voltar atrás em pacto com ONU
Em menos de seis horas, o governo de Israel anunciou um acordo com a ONU que retiraria do país 16.250 imigrantes africanos e recuou da decisão, após pressão de partidos conservadores e religiosos, que se opuseram à permanência de outros 16.250.
O vaivém foi causado pela decisão unilateral do premiê Binyamin Netanyahu de fazer um acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) sem consultar a base de seu partido – em sua maioria contrária a qualquer iniciativa que promova a permanência de refugiados em Israel.
Desde o começo do ano, Israel ameaça expulsar 37 mil imigrantes ilegais. Eles seriam enviados para Ruanda. Depois da pressão de grupos de defesa dos direitos humanos, Netanyahu aceitou negociar com a ONU. Ontem, ele anunciou o acordo que previa o envio de 16.250 refugiados para outros países. Em troca, Israel concederia asilo temporário a outros 16.250 – 5.500 refugiados continuariam no limbo.
“Este é um acordo único entre o Acnur e Israel, que leva essas pessoas para países desenvolvidos, como Canadá, Alemanha e Itália”, disse o premiê. Em seguida, os governos de Alemanha e Itália negaram o pacto.
Segundo jornais israelenses, a decisão de negociar foi tomada por Netanyahu. Depois do anúncio, o premiê recebeu críticas de integrantes de seu partido, o Likud, e de seu principal aliado, Naftali Bennet, líder do partido Lar Judaico. “Essa decisão vai provocar uma reação em cadeia e transformar Israel em um paraíso dos infiltrados”, disse Bennet.
Seis horas depois, Netanyahu suspendeu o pacto. No Facebook, ele escreveu que “depois das negativas de países da União Europeia, seria preciso reavaliar o acordo”. Segundo analistas, o caso mostra o enfraquecimento político do premiê. Investigado em três casos de corrupção, ele depende cada vez mais de sua base para se manter no poder, por isso teria capitulado diante das críticas.
“Essa decisão vai provocar uma reação em cadeia e transformar Israel em um paraíso dos infiltrados”
Naftali Bennet
LÍDER DO PARTIDO LAR JUDAICO