O Estado de S. Paulo

MEIA DO ALIANZA É HERDEIRO DE HERÓI URUGUAIO DA COPA DE 1954

Avô de Hohberg, destaque do rival do Palmeiras, teve participaç­ão inesquecív­el em jogo com Hungria

- Ciro Campos

Se o Alianza Lima, rival do Palmeiras hoje, não impression­a por colecionar títulos em Libertador­es ou poderio do elenco, pelo menos um jogador impõe respeito por descender de uma linhagem tradiciona­l do futebol sul-americano. O meia Alejandro Hohberg, de 27 anos, é neto de um ex-atacante que fez história em Copas do Mundo e brilhou no futebol de dois países.

Juan Eduardo Hohberg morreu em 1996, quando o neto Alejandro tinha cinco anos. Nascido na Argentina, filho de alemães e naturaliza­do uruguaio, Juan fez história no Peñarol na década de 1940. Do forte quinteto ofensivo do time de Montevidéu, apenas ele ficou fora do elenco que veio ao Brasil em 1950 para conquistar a Copa.

O então veloz atacante entraria para a história dos

Mundiais na edição seguinte, em 1954, na Suíça. Hohberg se esforçou demais em campo na semifinal contra a Hungria para conseguir nos minutos finais empatar jogo que o time perdia por 2 a 0. O uruguaio conseguiu e ao marcar o gol do empate, desmaiou em campo e precisou ser atendido pelos médicos.

A garra de quem foi acordado graças a uma massagem cardíaca e ainda jogou a prorrogaçã­o da semifinal ficou marcada na história. A foto de Hohberg em atendiment­o pelos médicos à beira do gramado virou icônica na história do futebol uruguaio.

Hohberg voltaria a fazer história anos depois, mas já como treinador. O uruguaio conduziu o time do país à semifinal da Copa de 1970, no México. A equipe chegou a sair na frente do Brasil, até permitir a virada por 3 a 1 e depois terminar a participaç­ão em quarto lugar, ao perder a disputa da terceira colocação para a Alemanha.

Ao fim desse trabalho, o treinador

se mudou para o Peru, onde começaria indiretame­nte a história do neto, Alejandro. O ex-atacante se fixou em Lima e

iniciou uma passagem de destaque pelo Alianza Lima. O uruguaio ganhou dois campeonato­s peruanos pelo time da capital e se transformo­u em um ídolo dos torcedores.

A ligação entre Peru e Uruguai voltou a ficar intensa anos depois para a família Hohberg. Alejandro nasceu em Lima e tentou começar a carreira de jogador no país do avô. O meia iniciou a trajetória profission­al em times de Montevidéu. Como morou 15 anos na cidade, ficou com um forte sotaque uruguaio, que o distingue bastante dos colegas de clube.

O meia do Alianza Lima tem como principal virtude em campo o chute de fora de área. Foi por esse atributo que conseguiu, inclusive, marcar um gol pela competição contra um time brasileiro. Hohberg estava no pequeno Universida­d Cesar Vallejo, do Peru, quando anotou contra o São Paulo, em 2016, um dos melhores anos da sua carreira.

Naquela temporada o meia foi convocado para a disputa da Copa América Centenário e disputou duas partidas como titular do Peru no torneio. Logo depois, no começo do ano seguinte,

foi contratado pelo Alianza Lima, onde foi recebido com festa principalm­ente pela ligação com o avô paterno, ídolo da torcida pelos títulos conquistad­os na década de 1970.

Contra o Palmeiras o jogador deve ser titular. Hohberg terá a responsabi­lidade de ajudar o time reagir após ganhar só uma das cinco últimas partidas e sonha em repetir a campanha liderada pelo avô. Em 1978, o então técnico Hohberg conseguiu levar o Alianz Lima à semifinal da Libertador­es.

 ?? MARIANA BAZO/REUTERS–1/3/2018 ?? Ídolo. Alejandro Hohberg é o jogador mais admirado atualmente pela torcida do Alianza por dar um toque de classe ao time
MARIANA BAZO/REUTERS–1/3/2018 Ídolo. Alejandro Hohberg é o jogador mais admirado atualmente pela torcida do Alianza por dar um toque de classe ao time

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