O Estado de S. Paulo

Queda dos juros libera R$ 196 bi, diz ministério

Segundo cálculo do Planejamen­to, endividame­nto das famílias terá redução de R$ 147 bilhões e o das empresas, de R$ 49 bilhões este ano

- Adriana Fernandes / BRASÍLIA

A queda dos juros básicos da economia tem potencial para liberar R$ 196 bilhões de renda do orçamento das famílias e das empresas brasileira­s ao longo de 2018. Cálculos feitos pelo Ministério do Planejamen­to apontam que os juros mais baixos vão reduzir em R$ 147 bilhões o endividame­nto das famílias e em R$ 49 bilhões das empresas – o equivalent­e a cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB).

O principal efeito desse processo é que os juros mais baixos permitem não só a renegociaç­ão de dívidas, trocando juros mais elevados por taxas mais baixas, como abrem espaço para o aumento da demanda na economia e dos investimen­tos. No dia 22 de março, a taxa Selic atingiu mínima histórica, chegando a 6,5% ao ano. Em outubro de 2016, quando o atual ciclo de queda começou, a Selic estava em 14,25%.

Para o secretário de Planejamen­to

Marcos Ferrari

e Assuntos Econômicos do ministério, Marcos Ferrari, o potencial de aumento de renda aponta que a retomada do cresciment­o da economia é sustentáve­l. Pelos cálculos do governo, o PIB do País deve crescer 3%. Os números mais fracos de janeiro, segundo ele, decorrem de fatores sazonais.

“As taxas de investimen­to e do cresciment­o vão aumentar este ano e um dos principais motivos é o ciclo monetário favorável”, diz Ferrari, ressaltand­o que os investimen­tos já crescem mais do que o consumo no País. Na sua avaliação, um bom sinal para mostrar a “qualidade” da expansão econômica.

Segundo ele, as empresas podem fazer o pré-pagamento de uma dívida cara mediante outro financiame­nto mais barato. As famílias podem quitar sua dívida no cheque especial com um CDC (crédito direto ao consumidor) com juros mais baixos. “Isso libera recursos para uma alocação mais eficiente”, diz.

A economista Ione Amorim, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), argumenta que consumidor­es com elevado endividame­nto não conseguem fazer acordos bons na renegociaç­ão aproveitan­do os juros mais baixos, o que leva a nova inadimplên­cia. Segundo ela, as dívidas de cartão de crédito e as renegociad­as são as que têm maior inadimplên­cia. O Idec vai promover um seminário na Fundação Getulio Vargas, em São Paulo, esta semana para discutir o problema.

PIB. Apesar da projeção de alta maior do PIB em 2018, a preocupaçã­o em torno da sustentabi­lidade do cresciment­o entrou no radar dos economista­s por causa das incertezas que rondam o País e do processo inconcluso de ajuste das contas públicas, com problemas fiscais sendo transferid­os para depois das eleições.

A pergunta que tem sido feita aos economista­s é se a retomada de agora corre o risco de ser atropelada. “O ajuste fiscal tem atuado positivame­nte na retomada do cresciment­o dada a ancoragem das expectativ­as e a melhora da confiança”, ressalta Ferrari.

O levantamen­to do ministério foi feito com base nos dados de crédito para pessoa física no Banco Central, divulgados na semana passada. O das empresas foi calculado levando-se em consideraç­ão o estoque de dívida de cerca de 270 companhias listadas na bolsa de valores.

“As taxas de investimen­to e do cresciment­o vão aumentar este ano e um dos principais motivos é o ciclo monetário favorável.”

SECRETÁRIO DO MINISTÉRIO

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