Oferta da Energisa abrirá disputa por Eletropaulo
Uma oferta hostil apresentada pela Energisa para a aquisição da distribuidora de energia Eletropaulo por cerca de R$ 3,2 bilhões deve ser apenas o início de uma intensa disputa pela empresa, que está no radar de diversos outros interessados, segundo especialistas.
Antes da oferta da Energisa divulgada na quinta-feira, a italiana Enel já havia apresentado no final de março uma proposta para participar de uma oferta primária e secundária de ações em preparação pela Eletropaulo.
A elétrica paulista tem como um dos principais acionistas a americana AES, que sinalizou que poderá vender sua fatia de 17% na empresa em uma oferta secundária a ser realizada em breve.
A Eletropaulo é a maior distribuidora de energia do Brasil em volume de energia e em faturamento, que somou R$ 13 bilhões em 2017, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em número de clientes, a empresa só fica atrás da estatal mineira Cemig.
“Sem sombra de dúvidas, pela posição estratégica da empresa, em São Paulo, vão surgir outras companhias interessadas. Empresas do próprio segmento de distribuição e mesmo fundos de investimento”, afirmou o especialista em energia do Demarest Advogados, Pedro Dante.
Além disso, São Paulo é o Estado mais rico do País, com uma localização que gera sinergias com distribuidoras operadas por outros grupos investidores.
A Energisa, por exemplo, possui nove distribuidoras que atuam em regiões que incluem o Estado de São Paulo, enquanto a Enel opera distribuidoras no Ceará, em Goiás e no Rio de Janeiro.
Mas grupos como a CPFL, controlada pela chinesa State Grid, a portuguesa EDP, que tem como sócia a China Three Gorges, a Neoenergia, dos espanhóis da Iberdrola, e a brasileira Equatorial também podem entrar no páreo, disse a diretora da consultoria Thymos Energia, Thais Prandini.
A Eletropaulo afirmou na noite de quinta-feira que irá responder em até 15 dias à proposta da Energisa, que prevê uma oferta pública voluntária de aquisição (OPA) da totalidade das ações da companhia.
Procuradas, a CPFL, EDP, Equatorial e Neoenergia não quiseram se pronunciar. A Eletropaulo disse que vai manter o mercado atualizado sobre o tema por meio de fatos relevantes.