Março tem saída recorde de capital estrangeiro
Estrangeiros se desfizeram de parte dos investimentos financeiros no Brasil e remeteram ao exterior US$ 7,8 bilhões no mês passado que estavam em ações e títulos de renda fixa no País. Essa foi a maior saída de capitais financeiros registrada em março em toda a série do Banco Central, iniciada em 1995. Uma parte desse dinheiro voltou nos últimos dias e US$ 4,4 bilhões ingressaram em 23 dias de abril.
Dados apresentados ontem pelo BC mostram que tem havido forte volatilidade no fluxo de capital estrangeiro interessado em aplicações financeiras no Brasil. Houve ingresso de US$ 9 bilhões para essas operações em janeiro, US$ 481 milhões entraram em fevereiro e US$ 7,8 bilhões saíram no mês passado. Um ano antes, os valores oscilaram em ritmo menos intenso: entrada de US$ 1,6 bilhão em janeiro e saídas de US$ 751 milhões em fevereiro e US$ 2,9 bilhões em março de 2017.
“Há volatilidade, mas o dado de abril indica que houve volta parcial desses recursos em abril”, diz o chefe do departamento de estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha. O técnico defende que “é de se esperar que esses dados sejam mais voláteis”. Uma das razões é a própria natureza da operação. “Provavelmente, há investidor que se aproveita da rentabilidade de curto prazo.”
Retorno. Outro fator mencionado como influência para esse movimento é a taxa de câmbio, já que o que importa para esse grupo é o retorno em moeda estrangeira e não em reais.
O técnico do BC não fez nenhuma relação entre o sobe e desce dos estrangeiros com as eleições. “O binômio incerteza e estabilidade contribui para as decisões dos investidores, mas, sobre a incerteza eleitoral, acredito que não é o caso de um comentário do BC”, disse.
Questionado sobre a recente alta do dólar e as cotações próximas de R$ 3,50, Rocha disse que o efeito sobre o balanço de pagamentos não é uniforme. “Quem viajará em julho, pode esperar para comprar dólares e ver o que acontecerá. Já as exportações ou o investimento direto não são significativamente afetados”, afirmou.