IZA fala ainda sobre a infância e o início da carreira na
Formada em Publicidade, IZA iniciou a carreira aos 24 anos com covers de Rihanna, Beyoncé e Nina Simone publicados no YouTube
A entrevista de IZA ao Caderno 2 foi em um hotel de São Paulo. Enquanto comia brigadeiro, relembrou seus primeiros “shows” na infância, quando reunia a família e cobrava um real de cada um por sua apresentação. “Era sacolé para geral”, lembra a garota nascida Isabela Lima. A mãe da cantora é professora de música. As tias, musicoterapeutas. E do pai vieram as maiores referências. Por conta do trabalho dele, na marinha mercante, a família se mudou do Rio para Natal, quando ela estava com 6 anos. Por lá, enfrentaram uma grande enchente. “Perdemos quase tudo e eu perdi a minha discografia de Xuxa, Eliana e Angélica.” Filha única, IZA encontrou refúgio nos discos do pai. “Brincava sozinha e precisava da música. Aretha, Nina, Ella, Etta e principalmente Brian McKnight.” Ainda em Natal, ela se emocionava quando a família ia à igreja. “Até minha mãe entender que chorava porque a música era bonita, demorou.”
A família voltou ao Rio seis anos depois e, aos 14, a cantora, de família católica, começou a se apresentar na igreja, o que continuou até a faculdade. “Na adolescência, comecei a ouvir Rihanna e Backstreet Boys. Não podia cantar Britney Spears na igreja, mas queria”, brinca.
Foi apenas após se formar em Publicidade que IZA resolveu investir na carreira pop, com vídeos no YouTube. “Me sinto tranquila porque sei que não perdi tempo”, analisa sobre sua entrada “tardia” no mercado fonográfico. IZA chegou a trabalhar com Recursos Humanos e como gestora de mídias sociais da Secretaria de Estado de Assistência Social. “Tudo isso me ajudou. Hoje, tenho pessoas que trabalham comigo, então é bom entender de RH, mídias sociais e sobre o mercado publicitário.”
Ao voltar de Natal, a família se instalou em Olaria, onde ficou até a cantora entrar, com bolsa de estudos, numa faculdade particular. “Eram dois ônibus para ir e três para voltar”, relembra. “Minha mãe ficou preocupada porque era a época da pacificação do Alemão. Por isso fomos morar em Botafogo.”
Apesar de cantar pop, IZA não esquece a origem, tema presente em Pesadão e Linha de Frente. “Seria muita hipocrisia
minha se eu não lutasse, sabendo a menina que fui, que precisava se ver representada”, analisa a cantora, que recentemente, nas redes sociais, pediu justiça para Marielle Franco. “São coisas que converso com a minha família. Quando falo publicamente não é proposital, faz parte da minha vida. Sou negra, do Rio, de Olaria, do subúrbio.”