Merkel quer novas garantias do Irã
Encontro na Casa Branca não tem ‘calor humano’ da visita de Macron; chanceler alemã também apoia pedido de novas garantias a Teerã
Angela Merkel usou encontro com Donald Trump, ontem em Washington, para sugerir um acordo paralelo que consiga frear o programa de mísseis desenvolvido pelo Irã.
O encontro de ontem entre a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente americano, Donald Trump, em Washington, teve bem menos calor humano do que a visita oficial do presidente francês Emmanuel Macron à Casa Branca, no começo da semana. Merkel fez coro a Trump e Macron e defendeu mudanças no acordo nuclear com o Irã.
A chanceler alemã afirmou que o pacto nuclear com os iranianos, feito na era Barack Obama, era um “primeiro passo” para reduzir e conter as ambições regionais do Irã, mas sugerir abertura para um acordo paralelo. “Precisamos de mais garantias de que o Irã não vai trabalhar para desenvolver armas nucleares, e seria importante melhorar este acordo”, disse.
Assim como Macron, que defendeu a negociação feita com o Irã em 2015, Merkel disse que o atual acordo é bom, mas pode melhorar. “Temos de lutar contra as tentativas do Irã de se tornar uma potência nuclear e também acreditamos que seja necessário levar adiante mais verificação e mais monitoramento”, acrescentou a chanceler alemã.
Embora seja pouco provável que a Alemanha aceite reescrever o pacto anterior, o governo de Berlim indicou que está preparado para adicionar termos ao acordo, ou negociar um tratado paralelo, para adicionar ações que consigam reprimir o programa de mísseis balísticos de Teerã e refreiem os esforços iranianos para fortalecer seu papel estratégico no Oriente Médio. No início desta semana, Macron deixou claro que a França não seguirá o exemplo americano se Trump decidir se retirar do acordo iraniano.
O presidente americanolembrou que a reaproximação das Coreias teve influência das sanções econômicas contra o regime de Kim Jong-un, medidas que tiveram apoio da Alemanha e de outros aliados. E assim como fez com Macron, exortou a Alemanha a endurecer as conversas com o Irã para tentar melhorar o acordo nuclear firmado entre iranianos e outros seis países: EUA, Alemanha, França, Rússia, China e Reino Unido.
É esperado que Trump retire os EUA do acordo nuclear com o Irã no mês que vem, apesar dos apelos de Macron no início da semana e de Merkel, ontem
Em termos práticos, o encontro também ficou aquém do esperado. Trump e Merkel discutiram relações econômicas, combate ao terrorismo, aproximação entre as Coreias e o acordo nuclear do Irã. Trump, em breves comentários ao lado de Merkel no Salão Oval, a chamou de uma “mulher extraordinária”, a felicitou por sua recente reeleição e contestou a ideia de que o relacionamento entre eles era gelado. “Temos um ótimo relacionamento. Na verdade, tivemos um ótimo relacionamento desde o começo”, disse Trump, que já teve com Merkel todo tipo de desacordo.
Apesar de a visita ter durado apenas três horas – a de Macron durou três dias –, a mensagem de Merkel foi semelhante à do francês: que os EUA e a Europa não podem ficar brigando em questões fundamentais, do comércio global à segurança internacional. Na entrevista coletiva, as divisões de Trump com a Europa ficaram evidentes. Trump criticou o continente e a Alemanha pelo que chamou de “desequilíbrios da balança comercial” com os EUA.
Ele repreendeu os alemães por não cumprirem suas obrigações de defesa com a Organização do Tratado do Atlântico Norte, dizendo que é “essencial que nossos aliados da Otan aumentem sua contribuição financeira”./